Ser espírita laico é chocante?
Obviamente que a pergunta exposta no
título, é para você leitor ou leitora, que se interessa por Espiritismo.
Acha absurdo que alguém seja
espírita, e ao mesmo tempo, não comungue de uma prática religiosa?
O laicismo espírita não significa
ausência de crença, porque isto é circunscrito às individualidades e suas
relações intimistas com Deus. Se refere a uma vivência espírita liberta de
ritual e cartilha religiosista. Neste caso, o Espiritismo não é uma religião,
não tem sacramentos nem qualquer outro aparato resgatado de referências advindas
de práticas orientais ou ocidentais de fé.
No segundo capítulo do livro autoral
(R)evolução Política dos Espíritos, que estará trafegando na materialidade
literária a partir do dia 12 de dezembro deste ano, tratamos sobre “livre
pensamento e laicismo espírita”, como parte de uma jornada de descoberta e
exercício de autonomia intelectual, elementos aos quais valorizamos na condição
real de aprendizado.
“Ser espírita laico não é uma
distopia. É uma vertente que permite a imersão no amor pela busca do conhecimento,
sem negociar resultados transcendentais, sentidos e aceitação das questões
inerentes à vida planetária. A condição mais livre de ser espírita, talvez seja
esta. Mas existem inúmeras formas de ser, viver, acreditar e materializar
experiências corpóreas com vistas à evolução. Não nos parece atrativo
selecionar certo e errado onde a liberdade de escolha orienta adesões formais,
mas consideramos importante falar um pouco sobre o não-religiosismo e a
perspectiva evolutiva contida em processos político/existenciais. “
Eis a delícia de pensar e
experimentar o diálogo para além dos grilhões formais, com outros e outras, que
também estejam interessados em dialogar assim.
“O meio espírita tradicional
preenche muitas vidas com a divulgação da ação caridosa, em processos que podem
levar toda uma existência sem questionar desigualdades e injustiças, sempre
alimentando a compreensão de que fazem parte de um carma coletivo ou pessoal,
adquirido pelas pessoas necessitadas. Com o pensamento crítico, que é por certo
uma característica de beleza espiritual, buscamos aprimorar a compreensão da
caridade, agregando um senso de justiça social, que derruba estas convicções
sobre a culpa pregressa do sofredor, principalmente quando o mal resulta da
pobreza, miséria e ampla ignorância, como resultado histórico de políticas
excludentes.”
Sensibilizar sem desqualificar, sem
afastar mas respeitando os que preferem a distância, abrimos estes caminhos de
amor, para trabalharmos a dialética gerada pelas crenças cristalizadas que
professam o religiosismo espírita como única forma de manifestar adesão ao
kardecismo.
“Quando a percepção
da geopolítica e manuseios do mercado se apresentam como responsáveis pelo
sofrimento corporal e mental a transtornar tantas vidas, é possível seguir
justificando a dor como resultado do passado pessoal de cada ser, simplesmente?
A crença na punição do pobre e miserável como resultado do seu passado
encarnatório, não nos torna coniventes com as políticas de desigualdades deste
mundo, na última hora? A visão espírita laica libera um potencial interessante
de análise crítica e revela que o saber é feito de dialética, não de
servilismos e, principalmente, instiga buscas por mais conhecimento, sob outras
perspectivas, inclusive.”
O cerne do livro em questão é a postura
político/existencial como condutora de evolução espiritual.
O capítulo voltado ao laicismo está
conectado a outros vieses de análises e debates que consideramos importantes.
“Por certo não conhecemos tudo,
mas também não somos pessoas tímidas. Buscar saber mais sobre nosso devir é um
estímulo renovador. Já que o grande desconhecido está entre nós, em nós, feito
saga infinda a encantar os que percebem a dinâmica do tempo como ampliação da
vida através do desbravar da inteligência em benefício da evolução. O fenômeno
existencial humano/espiritual é bonito em sua originalidade, e mesmo as
variáveis que o marcam pela dor e pelo egoísmo não conseguem ser maiores do que
a esperança de superação da fraqueza e do erro, quando a evolução desponta em
todas as direções guiando para o amanhã inevitável.”
A escrita da esperança, abre um
caloroso abraço para receber sua leitura!
“Amar sob o viés de uma
experiência de vida laica talvez seja o desafio incompreendido pelas teologias,
filosofias e teorias ligadas ao melhoramento do ser. Obviamente que isto sugere
um território de ação vasto, desafiador, principalmente para nós humanos deste
século, ávidos por nos associarmos a algum tipo de referência protetora, que
seja aceita pelos aglomerados sociais que traduzem visibilidade e
reconhecimento, validando pertenças.
O exercício
constante do livre pensamento é caminho de diálogo entre espíritas e
não-espíritas sobre questões inerentes aos interesses da vida, presentes na
sociedade e, também de cada pessoa. Assim pode superar as designações de gueto,
que são redutoras do envolvimento comum. A percepção política das relações
próximas e distantes, promove intercâmbios interessantes. “
Eis a partilha do capítulo, e a
leitura do livro é uma indicação para os pensadores e pensadoras que acatem
este exercício de libertação paradigmática.
2 comentários:
Adorei o artigo, Ana.
Vou comprar o livro.
Parabéns!
Estou honrada com a publicação!
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