sábado, 25 de março de 2023
17º FÓRUM ESPÍRITA DO LIVRE-PENSAR DA BAIXADA SANTISTA
terça-feira, 21 de março de 2023
ESPIRITISMO, LAICIDADE, LIVRE PENSAR E AS RELAÇÕES COM A ATUALIDADE
Milton Medran Moreira
A
religião e o laicismo
No dia 23 de setembro de 2012, quando ainda
ocupava o trono da Santa Sé o pontífice recentemente desencarnado Bento XVI,
publiquei no mais importante jornal de Porto Alegre, Zero Hora, o artigo “O
Papa e o Laicismo”.
Comecei o texto reconhecendo: “Andou muito
bem o Papa Bento XVI, em sua recente visita ao Oriente Médio, pedindo se
respeite, ali, a liberdade religiosa e defendendo o laicismo por ele adjetivado
como saudável”.
Como todos sabemos, o cardeal alemão Joseph
Ratzinger, então no papado, sempre demonstrou posições bastante conservadoras,
diferentemente daquele que o iria suceder, o Papa Francisco, que ainda hoje
está no cargo e a quem, com justiça, se atribuem posições muito progressistas
e, em grande parte, coincidentes com os anseios modernos do pluralismo
religioso e do secularismo.
Cerca de dois anos antes, numa visita à Espanha, para uma efeméride envolvendo as tradições religiosas de Santiago de Compostela, Bento XVI fizera um histórico da tradição cultural espanholaonde se incrementaram conceitos contemporâneos de laicidade. Lamentou que o laicismo então defendido se posicionava como anticlerical e contrário ao exercício de poderes tradicionalmente reconhecidos como exercitáveis pela Igreja. Naquela visita de 2010 à Espanha, Ratizinger sustentou que “para o futuro é necessário que não haja um enfrentamento, mas um encontro entre fé e laicismo”.