09 agosto 2024

Sobre Anjos e Demônios - Salomão Jacob Benchaya

 Uma questão que sempre me incomodou nos escritos de Allan Kardec foi o seu tratamento exageradamente conciliador entre a abordagem espírita e a figura teológica dos anjos e demônios de diversas religiões, notadamente a católica. Kardec tratou desses assuntos em O Livro dos Espíritos e n’O Céu e Inferno. Na pergunta 128 (LE), Kardec pergunta se “os seres a que chamamos de anjos, arcanjos, serafins, formam uma categoria especial, de natureza diferente da dos outros Espíritos” e a resposta é “Não; são os espíritos puros: os que se acham no mais alto grau da escala e reúnem todas as perfeições.” A resposta, a meu ver, deveria ficar restrita ao “Não!”. Seu complemento a torna confusa.

          Em o Céu e o Inferno (Cap. VIII), embora Kardec estivesse criticando os ensinamentos da Igreja, refere-se a “anjos segundo a Igreja” e a “anjos segundo o espiritismo”. Esta última expressão sugere a existência dessa categoria de seres na Doutrina Espírita, o que não pode ser aceito. Não há analogia possível entre “anjo” e “espírito puro ou superior”. Anjos, segundo a Igreja, são seres criados puros, ou seja, privilegiados, escolhidos. Espíritos Puros, na visão espírita, são seres que, através das múltiplas encarnações, evoluíram, entre erros e acertos, até chegarem à perfeição.

06 agosto 2024

A QUEDA DO CÉU - ALCIONE MORENO*

 


Não conhecia muita coisa sobre os indígenas, e frente aos acontecimentos de intensa destruição da Floresta Amazônica, e o enorme massacre dos povos originários, senti necessidade de descobrir o lado deles, suas crenças, suas falas, seus costumes, já que meu conhecimento sempre foi uma versão dos brancos.

Após ler o livro “A Queda do Céu - palavras de um xamã yanomami” de Davi Kopenawa (Yanomami) e Bruce Albert (etnólogo francês) solidarizo-me cada vez mais com populações em vulnerabilidade. O livro deste xamã (pajé) e porta-voz dos Yanomami foi publicado originalmente em francês, em 2010.

 Além de ser sua autobiografia, relata os costumes e as crenças deste povo indígena, bem como a destruição da floresta e sugestões para mantê-la viva.  Suas palavras, coletadas por Albert por mais de 20 anos de convivência, resultaram neste livro.