14 setembro 2024

CEPABrasil participa do 19º ENLIHPE



CEPABrasil participa do 19º ENLIHPE

Realizado na cidade de São Paulo, o 19º ENLIHPE - Encontro Nacional da Liga de Pesquisadores Espíritas, nos dias 24 e 25 de agosto, na sede da USE - SP. Este ano, o tema central foi " 160 anos do Evangelho Segundo o Espiritismo" e  contou com a apresentação de diversos trabalhos de excelente nível de pesquisa. O Encontro propiciou uma confraternização entre amigos e aprofundamento de conhecimentos
A CEPABrasil este representada pela sua Vice-Presidente, a Dra. Alcione Moreno.
Os trabalhos de pesquisa apresentados no dia 24 foram os seguintes:

  • O evangelho segundo o espiritismo: seu contexto e proposta, por Ricardo Terini;
  • A hermenêutica bíblica em O evangelho segundo o espiritismo, por Daniel Salomão;
  • A mediunidade curadora no livro Imitação do evangelho segundo o espiritismo, por Luciana Farias e Silvio Chibeni;
  • Exposição da proposta de normalização de referência em Kardec, por Brasil Fernandes;
  • 160 anos de O Evangelho segundo o espiritismo, por Antônio Perri de Carvalho;
  • A ciência contida em O evangelho segundo o espiritismo, por Alexandre Fontes da Fonseca; 
No domingo, dia 25:

  • O aspecto religioso da Doutrina Espírita, por David Monducci;
  • A singularidade de O evangelho segundo o Espiritismo, por Luis Jorge Lira Neto e Luciana Farias;
  • A boa nova trazida pelo Espiritismo, Marco Milani.
A edição do próximo ano terá como tema central a Justiça Divina à luz do Espiritismo, em comemoração aos 160 anos do lançamento do livro O Céu e o Inferno de Allan Kardec. Conforme a programação, o ENLHIPE-2025 será na cidade de Campinas. Coloque já na sua agenda.


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03 setembro 2024

DEMOCRACIA: UMA UTOPIA AINDA A SER ALCANÇADA! - Ricardo de Morais Nunes*

DEMOCRACIA:UMA UTOPIA AINDA A SER ALCANÇADA!

Temos defendido ao longo dos últimos tempos a importância dos espíritas pensarem as questões da política, da economia e da sociedade com vistas a poderem formar uma consciência mais ampla destas questões, de um ponto de vista filosófico, não partidário, como é obviamente o caso quando tratamos desses temas no âmbito do movimento espírita.

Acreditamos mesmo que tais reflexões podem propiciar aos espíritas um melhor desenvolvimento de seu   pensar político e  social , de um ponto de vista crítico, tendo em vista a uma melhor participação cidadã, de natureza humanista, nas diversas sociedades do mundo em que vivem.

Nesse campo temático se há uma discussão que realmente causa muita divergência, mesmo entre os espíritas estudiosos, é sobre o conceito de democracia. O que é afinal democracia? Conceito fundamental que precisa ser aprofundado, pois não basta dizer que somos a favor da democracia ou que somos contra as ditaduras. É necessário explicar o que entendemos por democracia.

É necessário iniciar a nossa reflexão lembrando que o conceito de democracia remonta à Grécia antiga. A pólis ateniense é o primeiro exemplo de democracia direta no mundo. Desde esse momento passou a ser comum remontarmos a essa origem, cantarmos em verso e prosa a democracia que surge em Atenas.

 Porém, é necessário irmos além e perguntarmos como funcionava essa democracia, era realmente democrática a pólis ateniense? Sabemos que não. Em Atenas apenas o cidadão da pólis tinha direito a se manifestar na Ágora. A maioria da população era de escravos, mulheres e estrangeiros que estavam excluídos da participação nos negócios da cidade-Estado.

A democracia grega, quando olhamos bem de perto, quando observamos a sua estrutura, não era tão perfeita assim. Claro que esses defeitos, olhando em retrospecto, não são suficientes para rejeitamos o grande avanço da proposta democrática grega.

De lá para cá muita coisa mudou. Muita água correu debaixo da ponte.

Tivemos o fim das cidades-Estado na Grécia sucedidas pelas várias dominações imperiais da antiguidade, o domínio teológico e político da Igreja católica, o poder dos monarcas, as revoluções políticas contra o poder dos monarcas, o poder dos burgueses, as revoluções contra o poder dos burgueses.  Passamos pelos regimes político-econômicos do tipo escravocrata, feudal, escravista colonial, capitalista e socialista. Passamos pela revolução agrícola, industrial e hoje digital.

No século XX, tivemos, ainda, ditaduras de direita, de esquerda, repúblicas teocráticas, Estados e legislações de segregação racial, imperialismo moderno, colonialismo, guerras de intervenção estrangeira, guerras civis, golpes militares e revoluções.

Como se não bastasse os fatos acima mencionados, em algumas nações, nas últimas décadas, infelizmente, tem ocorrido uma relação promíscua entre as instituições de Estado e a criminalidade comum, o que, sem dúvida, acentua   os problemas políticos e sociais, dificultando, ainda mais, a busca pela concretização dos princípios democráticos.

 Na grande maioria das nações do mundo, hoje, vivemos no sistema que podemos chamar de democracias liberais, representativas, de perfil econômico capitalista. Há alguns países que ainda ostentam, com maior ou menor intensidade, alguns princípios de seu período socialista, mas é possível contar esses países nos dedos após a dissolução da União Soviética e a queda do muro de Berlim.

O comunismo e o socialismo, em nosso tempo, nessas duas primeiras décadas do século XXI, não são mais ameaças ao sistema capitalista e às democracias liberais como insistem os ultradireitistas desse nosso momento histórico, que se utilizam do absurdo e falso argumento da “ameaça comunista” para solapar qualquer possibilidade de crítica ao capitalismo e a essas democracias.

Enfim, o que podemos verificar, hoje, é que as democracias liberais ainda são extremamente incompletas e que não realizam todo o potencial do ideal democrático. O grande modelo, para muitos, dessa democracia moderna, liberal, são os Estados Unidos da América.

 Porém, se olharmos para a realidade social destas democracias liberais com “olhos de ver” observaremos que essa democracia mínima tem sido tão sintonizada com os interesses do capital que muitas vezes ela se torna uma verdadeira antidemocracia nos países nos quais ela foi adotada.

 E, ainda pior, em nossos dias, mesmo essa democracia mínima, está sendo atacada com vistas a retrocessos inaceitáveis que seguem em direção a concepções neofascistas de sociedade que andam de mãos dadas com teorias e práticas econômicas neoliberais, as quais destroem qualquer ideia de justiça social ou bem- estar social.

Frequentemente, a política contemporânea, em seu melhor sentido, como representativa dos direitos dos cidadãos, tem sucumbido aos interesses do dinheiro, da acumulação e da riqueza de alguns poucos. Há necessidade, hoje, de realizarmos uma profunda crítica às sociedades que giram em torno do capital e esquecem o ser humano.

 Devemos, portanto, dizer, em alto e bom som, que, de um ponto de vista espírita, que privilegia o ser ao invés do ter, os interesses do “mercado”, do capital, das minorias privilegiadas em termos econômicos, não devem prevalecer sobre os interesses da sociedade como um todo.

É necessário, sob esse horizonte alargado de sociedade, voltarmos a acreditar que os homens e mulheres de nosso tempo, coletivamente, podem construir um destino político diferente, sendo imprescindível, em nosso entendimento, começarmos a construir um novo ideal democrático tendo em vista o futuro da humanidade.

Para esse objetivo é urgente nos descartarmos da ideia, muito útil aos que mandam no mundo e que estão confortáveis nas situações de injustiça e exclusão dos outros, de que não há outro mundo possível.

Nesta linha de raciocínio, devemos ter como premissa fundamental, que a   democracia ainda é a grande utopia a ser alcançada. Nesse sentido, é necessário elevar o nosso conceito de democracia, não nos contentando, apenas, com as chamadas liberdades formais, aquelas dos direitos e garantias do indivíduo perante as possíveis arbitrariedades do Estado.

Não há que se falar em democracia real sem considerarmos também as necessidades materiais dos cidadãos. Não é possível falar em democracia em um mundo de milhões de marginalizados no sentido do acesso aos bens fundamentais ao desenvolvimento da vida.

É necessário lembrar que, atentar contra a dignidade material das pessoas no nível fundamental da sobrevivência digna, é também atentar contra os direitos humanos. Há países que se dizem “livres” e “defensores da liberdade”, mas que atentam contra os direitos humanos no sentido do absoluto desamparo às condições materiais de vida de seus cidadãos. Liberdade para morrer de fome não é liberdade.

Pensamos que esta maneira de compreender os problemas políticos e sociais de nosso tempo corresponde plenamente aos generosos princípios que podemos encontrar em toda a obra de Allan Kardec, a qual nos convida à permanente transformação individual e coletiva.

 Entendemos que nós, espíritas, podemos auxiliar o processo de transformação dessa ordem de coisas, em primeiro lugar denunciando as sociedades que permitem a acumulação de riqueza nas mãos de uns poucos enquanto milhões, em nossos países e no mundo, se encontram privados do básico para uma vida digna e decente.

 Dessa forma, estaremos dando um primeiro passo fundamental no enfrentamento dessas situações que é o da conscientização do maior número de pessoas sobre esse grave problema de nosso tempo. O movimento espírita, com seus centros e instituições, pode colaborar muito nesse processo,  sendo claro que se não o fizer estará colaborando também, só que em um sentido contrário, favorecendo a alienação, portanto, o status quo, a exploração.

E, em segundo lugar, nós espíritas, podemos auxiliar o movimento geral de transformação social com a nossa participação, sempre pacífica em conformidade com os princípios de não violência ensinados pelo espiritismo, em todas as instâncias da palavra, da ação e da manifestação, que nos forem acessíveis no campo das lutas sociais.

Para isso, é necessário nos livrarmos dos conceitos superficiais e ingênuos de democracia e ditadura. É certo que todo espírita minimamente informado dirá, como um mantra religioso ou como uma verdade metafísica quase que vinda do alto, que é favorável à liberdade e à justiça social. Claro, não poderia ser diferente do ponto de vista filosófico-espírita. Isso é de uma evidência cristalina, mesmo em uma baixa compreensão da filosofia espírita.

Mas o que devemos ter em mente é que a conquista destes fatores, liberdade e justiça social, em sociedade, não ocorrerá simplesmente por gratuidade de Deus ou benevolência dos poderosos. Liberdade e justiça social devem ser conquistadas através das lutas sociais.

 É necessário levar em conta os interesses materiais em jogo, em uma palavra: a luta de classes. Mesmo que essa luta de classes, em nosso tempo, tenha adquirido características e peculiaridades distintas da época em que foi concebida teoricamente.

Sem uma compreensão dialética da vida social, dos conflitos de interesses em jogo, das resistências e pressões no campo prático da vida social, não avançaremos um milímetro nem mesmo na compreensão do que efetivamente acontece em nossas sociedades contemporâneas. E sem compreender, não conseguiremos contribuir.  

 É necessário termos claro que as nossas sociedades capitalistas contemporâneas não estão em conformidade com a ideia de justiça natural que encontramos nas propostas espíritas. E que só poderemos realmente ter um conceito mais amplo de democracia quando extinguirmos, socialmente, economicamente, e politicamente, os abismos materiais entre as pessoas, que as fazem tão diferentes em suas condições de vida, apesar da mesma humanidade.

 Não se trata de um objetivo fácil, é um horizonte a ser perseguido por todos que amam a justiça. Os espíritas entre eles.

Essa condição de maior igualdade, dará mais amplo sentido, até mesmo, ao processo da reencarnação dos indivíduos, porque poderíamos perguntar: de que adianta ao Espírito reencarnar em condições tão desfavoráveis que, muitas vezes, o fazem sucumbir em relação ao próprio objetivo da reencarnação, que é seu autodesenvolvimento intelecto-moral em sociedade?

 Na atualidade, há estudiosos que afirmam que vivemos a época do capitalismo pós-fordista, que privilegia a financeirização da economia ao invés da produção, deixando, portanto, nessa nova fase do capitalismo mundial, milhões de pessoas no mundo sem ter condições de acesso a um trabalho ou tendo como perspectiva apenas trabalhos precarizados.

 Em O Livro dos Espíritos, publicado em meados do século XIX, época em que ainda não tínhamos no mundo um capitalismo tão desenvolvido, encontramos uma interessantíssima antecipação crítica às subjetividades que giram apenas em torno do capital, da acumulação, do ter.

 Tais subjetividades, ao longo do tempo, acabaram por criar, em uma união de interesses, um sistema, uma estrutura econômica-social-política, altamente favorecedora do egoísmo pessoal. Assim respondiam os Espíritos às perguntas de Kardec à época:

 Questão 711- O uso dos bens da terra é um direito de todos os homens? R: Esse direito é a consequência da necessidade de viver.

Questão 717- Que pensar dos que açambarcam os bens da terra para se proporcionarem o supérfluo, em prejuízo dos que não têm sequer o necessário? R: Desconhecem a lei de Deus e terão de responder pelas privações que ocasionarem.

Em um livro lançado, no início da década de noventa do século XX, um teórico político norte-americano, Francis Fukuyama, ao verificar a queda do muro de Berlim e a decadência da União Soviética, propôs que a democracia liberal, de perfil capitalista, representava uma espécie de estágio máximo alcançado pela humanidade, uma espécie de “fim da história” quanto aos modelos políticos e econômicos que disputaram o século XX.

Algumas décadas depois do lançamento da famosa obra, verificamos que nossas democracias liberais, ao invés de patrocinarem maior inclusão das pessoas aos seus benefícios, acabaram por acentuar, ainda mais, as contradições materiais no mundo.

A insegurança alimentar, o desamparo, a falta de acesso à saúde, à educação, ao saneamento básico, ao teto, as guerras e intervenções estrangeiras na soberania dos países e a destruição perversa do meio ambiente por razões econômicas ainda são uma realidade vivida na pele por milhões em nosso mundo, os quais são os “perdedores” desse sistema capitalista e dessa democracia liberal que quer nos convencer que todos seremos “vencedores”.

Acreditamos, portanto, que a história não acabou e que ainda nos cabe construir modelos políticos, sociais e econômicos, efetivamente democráticos, que realizem, concretamente, na vida social, os princípios da liberdade e da igualdade enaltecidos pela filosofia espírita e por todos os humanistas do mundo. Tememos que se não alcançarmos maiores patamares de democracia real, estaremos nos encaminhando para a barbárie.

*Ricardo de Morais Nunes:- Servidor público, bacharel em direito e licenciado em filosofia. Expositor espírita e articulista do Jornal de Cultura Espírita Abertura, Ex-presidente do CPDoc (Centro de Pesquisa e Documentação Espírita). Atualmente Presidente da CEPABrasil- Associação brasileira dos delegados e amigos da Associação Espírita Internacional- CEPA.


 

20 agosto 2024

A FRAQUEZA DOS BONS - Milton Medran Moreira


Milton Medran Moreira in Editorial do Jornal CCEPA-OPINIÃO nº 293/março de 2021, procurador de Justiça, Editor Chefe do Jornal Opinião por 30 anos, Ex-presidente da CEPA por dois mandatos. Membro do CCEPA. 
 

A FRAQUEZA DOS BONS

“A anarquia social não se manifesta somente nas camadas inferiores da sociedade. Como todas as epidemias mentais, é uma moléstia essencialmente contagiosa.”. Gustave Le Bon, em “Psicologia Política”.

                 Foi a partir de sua redemocratização que o Brasil começou a perceber mais claramente o elevado nível de criminalidade existente em suas elites políticas e econômicas, historicamente protegidas pela impunidade.

                A assim chamada “criminalidade do colarinho branco” passou a merecer, então, melhor

09 agosto 2024

Sobre Anjos e Demônios - Salomão Jacob Benchaya

 Uma questão que sempre me incomodou nos escritos de Allan Kardec foi o seu tratamento exageradamente conciliador entre a abordagem espírita e a figura teológica dos anjos e demônios de diversas religiões, notadamente a católica. Kardec tratou desses assuntos em O Livro dos Espíritos e n’O Céu e Inferno. Na pergunta 128 (LE), Kardec pergunta se “os seres a que chamamos de anjos, arcanjos, serafins, formam uma categoria especial, de natureza diferente da dos outros Espíritos” e a resposta é “Não; são os espíritos puros: os que se acham no mais alto grau da escala e reúnem todas as perfeições.” A resposta, a meu ver, deveria ficar restrita ao “Não!”. Seu complemento a torna confusa.

          Em o Céu e o Inferno (Cap. VIII), embora Kardec estivesse criticando os ensinamentos da Igreja, refere-se a “anjos segundo a Igreja” e a “anjos segundo o espiritismo”. Esta última expressão sugere a existência dessa categoria de seres na Doutrina Espírita, o que não pode ser aceito. Não há analogia possível entre “anjo” e “espírito puro ou superior”. Anjos, segundo a Igreja, são seres criados puros, ou seja, privilegiados, escolhidos. Espíritos Puros, na visão espírita, são seres que, através das múltiplas encarnações, evoluíram, entre erros e acertos, até chegarem à perfeição.

06 agosto 2024

A QUEDA DO CÉU - ALCIONE MORENO*

 


Não conhecia muita coisa sobre os indígenas, e frente aos acontecimentos de intensa destruição da Floresta Amazônica, e o enorme massacre dos povos originários, senti necessidade de descobrir o lado deles, suas crenças, suas falas, seus costumes, já que meu conhecimento sempre foi uma versão dos brancos.

Após ler o livro “A Queda do Céu - palavras de um xamã yanomami” de Davi Kopenawa (Yanomami) e Bruce Albert (etnólogo francês) solidarizo-me cada vez mais com populações em vulnerabilidade. O livro deste xamã (pajé) e porta-voz dos Yanomami foi publicado originalmente em francês, em 2010.

 Além de ser sua autobiografia, relata os costumes e as crenças deste povo indígena, bem como a destruição da floresta e sugestões para mantê-la viva.  Suas palavras, coletadas por Albert por mais de 20 anos de convivência, resultaram neste livro.

26 julho 2024

19º ENLIHPE Encontro Nacional daLiga de Pesquisadores do Espiritismo24 e 25 de AGOSTO de 2024 Tema: 160 anos de O evangelho segundo o espiritismo

 19º ENLIHPE Encontro Nacional daLiga de Pesquisadores do Espiritismo 24 e 25 de AGOSTO de 2024.

Local : União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo

Rua Dr. Gabriel Piza, 433 - Santana /São Paulo - SP

Tema: 160 anos de O evangelho segundo o espiritismo

 Inscrição presencial R$ 35,00
Acesse bit.ly/19enlihpe-inscricao

20 julho 2024

O GRANDE PROBLEMA DA TRANSEXUALIDADE

 

Reinaldo Di Lucia
Engenheiro Químico, Membro do Centro Espírita Allan Kardec de Santos, do Centro de Pesquisa e Documentação Espírita - CPDoc, e do Cultura Espírita Livre Pensar e CEPA

O grande problema da transexualidade não é, irônica e tragicamente, a própria transexualidade e menos ainda, o ser transexual.
Somos nós, os chamados Cisgêneros, o grande problema! Aqueles que são a maioria da Humanidade e, em sua grande parte, vivem e exercitam uma visão maniqueísta, binária e excludente.  Vivemos no terceiro milênio; mas nossa visão de mundo se encontra há dois séculos passados.
Olvidando que o universo é o maior exemplo de diversidade e de diferenças infinitas, ainda não conseguimos aceitar plenamente aquele que não se nos apresenta, à nossa própria imagem e semelhança. Aceitamos somente o espelho.
Talvez, muitas vezes, rejeitemos o diferente porque tendemos ao seguro e ao estabelecido, que não nos impele a questionamentos e crises conscienciais.

14 julho 2024

HOMENAGEM - À ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PEDAGOGIA ESPÍRITA - ABPE

À Associação Brasileira de Pedagogia Espírita – ABPE


Em nome do CPDOC – Centro de Pesquisa e Documentação Espírita e da CEPABrasil – Associação Brasileira dos Delegados e Amigos da CEPA, queremos parabenizar a ABPE – Associação Brasileira de Pedagogia Espírita pela realização do evento KARDEC PARA O SÉCULO XXI nos dias 06 e 07 de julho de 2024, na cidade de Bragança Paulista.

Momentos de aprendizado, reflexão, confraternização, arte e mediunidade marcaram dois dias prazerosos de convívio com espíritas de diversas cidades do país.

Esperamos nos encontrar em outras oportunidades em eventos da ABPE, do CPDOC ou da CEPA sempre com o espírito aberto ao diálogo e à fraternidade que deve reunir os espíritas, especialmente os que buscam a “espiritualidade livre e crítica”!

 

Santos / Curitiba, 13 de julho de 2024.

Saulo de Meira Albach – Presidente do CPDOC

Ricardo de Morais Nunes – Presidente da CEPABrasil

01 julho 2024

A PALAVRA DA CEPA POR DANTE LÓPEZ

 

 LA CEPA EN ACCIÓN 

DANTE LÓPEZ

Ex-Presidente da CEPA (2008/2016)

É uma alegria imensa escrever este artigo para destacar a extraordinária experiência que vivemos no último mês de maio, na formosa Ilha de Porto Rico, onde compartilhamos dias inesquecíveis durante o 24º Congresso da CEPA.

26 junho 2024

NOVO CONSELHO EXECUTIVO - Jacira Jacinto da Silva passa a Presidência da Cepa a José Arroyo

                                                NOVO CONSELHO EXECUTIVO

Assembleia Geral em que Jacira Jacinto da Silva 
passa a Presidência da Cepa a José Arroyo

Os congressos da CEPA, realizados de quatro em quatro anos, desde sua fundação, em 1946, também reúnem sua Assembleia Geral para eleger seus dirigentes. Tradicionalmente, sua presidência e vices obedecem a rodízio, no qual contemplam os principais países onde a CEPA tem instituições filiadas. Eis sua nova composição:

 Presidente: José Arroyo (Porto Rico); Vice-presidências regionais: Gustavo Molfino (América do Sul); Yolanda Clavijo Blas (Norte da América do Sul e Caribe); Daniel Torres (América Central e México); Jacques Peccatte (Europa). Assessores Internacionais: Jacira Jacinto da Silva, Dante López, Milton Medran Moreira e Jon Aizpúrua; Assessores Especiais: Rosa Diáz Outeriño (AIPE); Ricardo de Morais Nunes (CEPABrasil); Yolanda Clavijo (CIMA); Conselho Fiscal: Nydia Lozada, Alexandre Cardia Machado e Salomão Jacob Benchaya. Departamentos Técnicos: Ivete Ayala (Comunicação); Mauro Spínola (Investigação e Produção de Conteúdo).Coordenadores de áreas: Comunicação – Zoraida Diaz e Sandra Rodriguez (Criação de Audiovisuais e Mídias); Mercedes Culzoni e Vivian Mattei (Estratégia e Execução); Victor da Silva (Divulgação em Redes Sociais e Página WEB; Nelly Urruzola (Correspondência e Intercâmbio); Investigação e Produção de Conteúdo – Gustavo Molfino (Investigação); Ademar Chioro dos Reis, Mauro Spínola e Ricardo de Morais (Coleção Livre-Pensar Espírita);  Sandra Régis (Arte e Cultura).







20 junho 2024

TRIBUTO A EUGÊNIO

Postamos este artigo como uma homenagem póstuma ao querido Eugênio Lara, pensador espírita desencarnado em 6 de junho de 2024. Com nossa gratidão pelo legado ao espiritismo livre-pensador, humanista, plural e progressista.

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BOM SENSO E SENSO COMUM

Eugenio Lara*

Em diversas oportunidades Allan Kardec declara que o Espiritismo é uma questão de bom senso.
Segundo ele, é aí, também, que reside a sua autoridade e robustez: “Sua força está na sua filosofia, no apelo que dirige à razão, ao bom senso”. (O Livro dos Espíritos, Conclusão, item VI – FEB).

A questão do bom senso está sempre presente no pensamento de Allan Kardec. Isso pode ser detectado e observado na leitura de toda a Kardequiana. Mas, afinal, o que é esse bom senso de que o fundador do Espiritismo e os espíritos tanto falam?

Podemos começar a entender o que é esse bom senso no contexto kardequiano ao compreendermos que ele não é o “senso comum” usado no cotidiano pelas pessoas. Por se tratar de um conjunto de conhecimentos acumulados por determinado grupo social, o senso comum é cultural, baseado na tentativa e no erro. Não é científico, não é filosófico.

O senso comum produz espontaneamente um critério de verdade aceito por determinado grupo, herança dos costumes, sem que haja a reflexão, apenas segue-se a tradição, variando de cultura para cultura porque possui enraizamento cultural, social.

Já o bom senso exige reflexão, racionalidade. O critério de verdade eleito pelo bom senso está associado à reflexão filosófica, ao livre-pensar, ao uso da razão e da intuição, onde a intuição deve estar a serviço da razão e não o inverso. É por isso que o Espiritismo é uma doutrina racional, onde o bom senso exerce lugar de destaque.

O bom senso de Kardec é semelhante ao cartesiano. No Discurso do Método, o grande filósofo francês René Descartes inicia suas reflexões justamente sobre essa questão. Segundo ele, o bom senso “é a coisa mais bem distribuída do mundo” porque é igual em todos os homens. Descartes define o bom senso como “o poder de bem julgar e de distinguir o verdadeiro do falso”. Bom senso é sinônimo de razão.

Conceito semelhante desenvolve Allan Kardec em suas reflexões, onde o bom senso e razão são inseparáveis. Não existe razão sem bom senso e nem bom senso sem razão. Razão, lógica e bom senso são um trinômio inseparável no pensamento de Kardec, porque para ele o Espiritismo representa um pensamento peculiar, com identidade própria, que satisfaz, ao mesmo tempo, “à razão, à lógica, ao bom senso e ao conceito em que temos a grandeza, a bondade e a justiça de Deus” (...) pela fé inabalável que proporciona.” (O Céu e o Inferno, cap. I, segunda parte, 14 – FEB).

Segundo Allan Kardec, para se avaliar o valor, a qualidade dos Espíritos, “não há outro critério senão o bom senso”. “Absurda será qualquer fórmula que eles próprios deem para esse efeito e não poderá provir de Espíritos superiores”, conclui. (O Livro dos Médiuns, cap. XXIV, item 267 – FEB).

Quem julgará as interpretações diversas e contraditórias fora do campo teológico? – pergunta Kardec em Caracteres da Revelação Espírita. Ele mesmo responde: “O futuro, a lógica e o bom senso”. (A Gênese, cap. I – 29 – FEB).

Na primorosa introdução de O Evangelho Segundo o Espiritismo, acerca da análise de informações e conceitos oriundos dos Espíritos, Kardec é bem taxativo: devem ser rejeitados quando entrem em contradição “com o bom senso, com uma lógica rigorosa e com os dados positivos já adquiridos, (...) por mais respeitável que seja o nome que traga como assinatura”. (FEB – grifo meu).

Não foi à-toa que o grande astrônomo Camille Flammarion, em discurso fúnebre proferido no enterro do mestre lionês, chamou Allan Kardec de “O Bom Senso Encarnado”:

“Razão reta e judiciosa, aplicava sem cessar à sua obra as indicações íntimas do senso comum. Não era essa uma qualidade somenos, na ordem de coisas com que nos ocupamos. Era, ao contrário – pode-se afirmá-lo – a primeira de todas e a mais preciosa, sem a qual a obra não teria podido tornar-se popular, nem lançar pelo mundo suas raízes imensas”. (Obras Póstumas – FEB).

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*Eugenio Lara, arquiteto e designer gráfico, é membro-fundador do Centro de Pesquisa e Documentação Espírita, editor-fundador do site PENSE – Pensamento Social Espírita


10 junho 2024

PARABÉNS JACIRA!

 


                                   PARABÉNS JACIRA!

 

No  mês de maio de 2024 encerrou-se o período de 8 anos na presidência da CEPA - Associação Espírita Internacional - da brasileira e querida amiga Jacira Jacinto da Silva.Não iremos pormenorizar nesse artigo todos os atos e objetivos  de seu mandato, o que não é o caso para um breve artigo da imprensa espírita.

Para quem deseja conhecer melhor o pensamento de Jacira no âmbito da administração da CEPA recomendamos o artigo "Objetivos estratégicos para o livre pensamento espírita e para a CEPA",  de autoria de Jacira Jacinto da Silva e Mauro de Mesquita Spinola, datado de 15 de janeiro de 2024, que pode ser encontrado no seguinte endereço eletrônico cepainternacional.org.

Faremos, nesse momento, apenas uma pequena análise de algumas poucas características pessoais de Jacira que foram levadas para a presidência da CEPA nesse longo período de dois mandatos.

Jacira, sobretudo, possui um grande apreço pela obra de Allan Kardec, é, como costumamos dizer, uma kardecista de mão cheia. Uma estudiosa  atenta e  incansável da filosofia espírita.

 Mas não é uma idólatra da obra do professor francês. Entende perfeitamente que as circunstâncias históricas em que a obra de Kardec foi elaborada e  os condicionamentos culturais de encarnados e desencarnados, inclusive do próprio Kardec, na edificação  da obra, devem ser levados em consideração se pretendemos um espiritismo para o século XXI.

 A partir dessa compreensão, Jacira, em seus anos de presidência, fez grandes esforços para a realização do que chamamos, já há alguns anos, de atualização do espiritismo, sem que esta atualização perdesse de vista as bases fundamentais colocadas por seu fundador.

Outra característica de Jacira é sua extrema sensibilidade social. Sua sensibilidade já era plenamente conhecida ao tempo em que era juíza de direito, época em que, ousadamente, para os padrões médios dos profissionais de sua área, realizou atividades de ressocialização de presos, como nos relata em seu livro Criminalidade: Educar ou Punir? editado pelo CPDoc - Centro de Pesquisa e Documentação Espírita, no qual conta sua interessante experiência.

  Por ocasião de sua presidência na CEPA, jamais escondeu seu desconforto com esse mundo de desigualdades e injustiças no qual vivemos. Buscou colocar a filosofia espírita no mundo contemporâneo, através de sua atuação no movimento espírita laico e livre pensador, sempre em sintonia com os problemas sociais de nosso tempo.

E, finalmente, Jacira buscou criar laços de amizade  com outros espíritas no mundo, através de suas viagens por vários países, buscando estabelecer pontes de diálogo, sob as bases do livre pensamento e da alteridade.

Seu companheiro de vida, Mauro Spínola, também membro do Conselho Executivo da CEPA, foi fundamental nessa trajetória de sucesso de Jacira, com seu apoio e trabalho incansáveis, merecendo, por isso, destaque especial.

 Merece destaque também todo o Conselho Executivo da CEPA que atuou durante os dois mandatos de Jacira. Os que lideram sabem que sem companheiros dedicados nada se faz nesse mundo. Jacira foi uma liderança que valorizou o coletivo, sem personalismos menores, e foi, por isso, profundamente democrática em suas administrações.

Como um dos coordenadores da coleção livre-pensar: espiritismo para o século XXI, editadas pela CEPA e CPDoc, que já vai para a sua segunda série de livros, é necessário lembrar e agradecer todo o apoio de Jacira a esta iniciativa. Do primeiro momento em que apresentamos o projeto ao Conselho Executivo da CEPA até os dias de hoje seu apoio foi permanente e pleno em entusiasmo.

Parabéns Jacira! Sua tarefa foi cumprida brilhantemente. Agora você merece alguns dias de descanso das muitas atividades nas quais está envolvida, inclusive, das numerosas e extenuantes atividades da Fundação Porta Aberta, instituição que se tornou um paradigma de eficiência e seriedade em seus objetivos de assistência social.

 Só nos resta dizer, como espíritas laicos e livres-pensadores brasileiros, que nos orgulhamos muito dessa grande mulher brasileira que ora deixa a presidência da CEPA.

Desejamos ao novo presidente da CEPA, José E. Arroyo, de Porto Rico, e sua diretoria, toda a sorte para a nova fase. Os desafios para uma instituição tão importante ao movimento espírita internacional são imensos, dada a complexidade de uma instituição que tem que lidar com espíritas de vários países, cada qual com seu movimento espírita, história e cultura peculiares.

Enfim, que a CEPA continue trilhando pelos caminhos de um espiritismo verdadeiramente kardecista, progressista, progressivo, laico, humanista e livre-pensador. Um espiritismo capaz de dialogar com as complexidades científicas, filosóficas, culturais, éticas e sociológicas deste século XXI.

 

          Ricardo de Morais Nunes

          Presidente da CEPABrasil

 

07 junho 2024

ADIAMENTO DO VI ENCONTRO

 



VI ENCONTRO DA CEPABRASIL É ADIADO EM DECORRENCIA DAS ENCHENTES

COMUNICADO

A Diretoria Administrativa da CEPABrasil, reunida em 03.06.2024, após análise da situação calamitosa pela qual atravessa o Estado do Rio Grande do Sul e, em especial, sua Capital – Porto Alegre -, cujo aeroporto deverá permanecer inoperante até o final do ano, dificultando o acesso de visitantes à cidade, decidiu adiar aquele evento para o próximo ano, em datas a serem divulgadas oportunamente.

Outrossim, esclarece que o pagamento da taxa de inscrição já efetuado permanecerá válido para as novas datas. Eventuais e compreensíveis desistências deverão ser comunicadas para efeito de ressarcimento dos respectivos valores.

Finalmente, roga desculpas aos participantes que, eventualmente, já tenham adquirido suas passagens aéreas pelos possíveis contratempos que poderão enfrentar junto às companhias aéreas.

Atenciosamente,

Ricardo de Morais Nunes – Presidente da CEPABrasil

Salomão Jacob Benchaya – Comissão Organizadora

05 junho 2024

DO DISCURSO À AÇÃO E O COMPORTAMENTO ESPÍRITA

Jailson Lima de Mendonça* - Santos/SP

Este texto teve como motivação alguns questionamentos e reflexões sobre nosso comportamento, em especial como espíritas, a responsabilidade do exemplo e também do distanciamento entre o discurso e a ação no contexto que vivemos.

Consideramos interessante a capacidade que temos de nos indignar momentaneamente quando recebemos uma notícia ou um post nas redes de informação em especial as sociais, as quais muitas vezes nos causam tristeza, revolta mesmo, enquanto em outros nos levam à reflexão sobre nossa própria vida, valores, potencialidades e limitações.

Em alguns casos, no sentido positivo, nos embebecemos de uma vontade que antes não estava presente, como se fora um impulso, um pensar o que não havíamos pensado, um querer assumir e acreditar que somos capazes de realizar. Em outros, no sentido negativo, nos sentimos fragilizados, às vezes impotentes, mas que nos incita pra fazer, mudar, realizar, mas que no geral se vai esvaindo e voltamos ao nosso estado de ser tentando nos conformar de que não podemos fazer mais do que já estamos fazendo. Será?!

Vivemos em um mundo onde, ainda, as pessoas são analisadas, julgadas e criticadas pela aparência, pelo visual, por suas posses e não estamos preocupados com o que os outros efetivamente tem a oferecer, qual a contribuição que tem pra dar e agregar ao meu próprio aprendizado.

As notícias que vemos ou fatos que presenciamos no geral nos deixam inertes, como se não tivéssemos nada a ver com isso. E vem o inquietamento, pois é difícil acreditar que vivendo no século XXI com a imensidão de conhecimento e informações que já foram desenvolvidos, pensados e escritos, não nos parece crível que agimos desta ou daquela maneira e que muitas das atitudes que consideramos aceitáveis parecem exceções.

Verificamos que a construção efetiva se dá num passo muito menor do que da nossa capacidade criativa e intencional. A execução, o agir, esbarra em uma série de artefatos, concretos ou não, que a nossa vontade não consegue transpor. E porquê?

Somos todos iguais na origem, e espíritos num processo natural de desenvolvimento individual, com livre arbítrio e inteligência, mas que necessariamente passamos ou adquirimos aprendizado através da relação com o outro.

Quando falamos da distância entre o discurso e ação, será que o falar, por si só não seria uma ação? Já que ao falarmos estamos de alguma forma nos comprometendo ou influenciando aquele que escuta?

As ações dos seres humanos, ou melhor, dos espíritos encarnados, são representadas por uma linguagem verbal ou não que de toda forma gerará consequências a partir da capacidade representativa do autor e sua vontade, ou seja, do seu campo de influência e dos diversos motivos que animam os interesses pessoais e coletivos.

E nesse momento que vivemos um período de revisão de valores é preciso ceder espaço à reflexão de que quanto mais se assume o que se é, embora não sem dor, abre-se caminho para a felicidade.

Não dá para fugir, se aqui estamos, estamos para fazer e realizar, assumindo a responsabilidade dos nossos pensamentos, ações e comportamentos, ou seja, a parte que nos cabe na construção de uma nova sociedade mais ética, justa e fraterna.

Questionamentos, dificuldades, resistências e reflexões haverão, mas não há mudanças sem esforço e comprometimento.

 Somos espíritos e temos nosso livre-arbítrio o que significa a possibilidade de optarmos entre muitas variáveis, exercendo o direito de escolha e praticando o exercício da vontade como garantia do poder de executar nossa decisão. Ora, todas essas atitudes só se concretizarão a partir de uma base de conhecimento do porquê, das razões e de se ter um consistente objetivo para a vida.

Portanto, devemos agir com parcimônia, mas quais são os limites da virtude da tolerância? Pensamos que pode se resumir em dois princípios: “Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti” e “Não deixes que te façam o que não farias a outrem”

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*Jailson Lima de Mendonça, casado, advogado e contador, Presidente do Centro Espírita Beneficente Ângelo Prado, Santos/SP e ex-presidente da CEPABrasil.













20 maio 2024

OS ESPÍRITAS ORTODOXOS

Salomão Jacob Benchaya(*) 

        

        A ortodoxia – do grego “orthos” (reto) e “doxa” (fé) – é uma característica do ambiente religioso. Os dicionários a definem como “referente a algo rígido, tradicional, que não evolui, que é conservador, que não se adapta nem admite novos princípios ou novas ideias”.           

      No espiritismo, que é um movimento evidentemente diversificado, segmentado, também encontramos espíritas ortodoxos, apegados excessivamente aos textos fundadores e avessos a uma reflexão contemporânea sobre as ideias basilares de Allan Kardec. Afirmam que “fora de Kardec, não há espiritismo” ou que “o Espiritismo é um só”. Percebem como verdade apenas o que se encontra na literatura kardeciana toda ela ditada e supervisionada pelos “espíritos superiores”. Sendo a “3ª revelação divina”, como equivocadamente Kardec o situou, tornar-se-ia uma doutrina infalível, portanto, definitiva e indiscutível, terreno já dominado ao qual, um dia, a Ciência poderá alcançar.       

05 maio 2024

O VELHO DE KAFKA

Maurice Herbert Jones (*)


Em sua obra “A Revolução da Esperança”, o psicanalista Erich Fromm cita uma intrigante história do livro “O Processo” de Franz Kafka. Um homem chega à porta que conduz ao céu (a Lei) e pede ao porteiro que o deixe entrar. Este lhe diz que não pode admiti-lo no momento. Embora a porta que leva à Lei esteja aberta, o homem decide que é melhor esperar até ter permissão para entrar. Ele se senta e espera durante dias e anos. Finalmente ele está velho e próximo da morte. Pela primeira vez, ele faz a pergunta: “Como é que durante todos esses anos, ninguém a não ser eu procurou entrar?” O porteiro respondeu: “Ninguém a não ser você poderia ter permissão de cruzar esta porta, porquanto ela estava destinada a você. Agora vou fechá-la.”

Os burocratas têm a última palavra. Esta é a moral da história de Kafka; se eles dizem não, ele não pode entrar. Se tivesse tido mais do que essa esperança passiva, ele teria entrado, e sua coragem para ignorar os burocratas teria sido o ato libertador.

20 abril 2024

POR QUE JULGAMOS TANTO?

Claudia Regis Machado*

É da natureza humana fazer um julgamento, uma avaliação do mundo de acordo com suas crenças.

Não estou restringindo aqui ao aspecto moral do que é certo ou errado, mas um olhar que abrange vários itens da vida humana onde está contido também a perspectiva ética que compõem nossas crenças, a nossa percepção de mundo.

Cada pessoa é um mundo, que passa por situações e vivencias com as com as quais sofreu e aprendeu, que só ela conhece e compreende. 

Na maioria das vezes acreditamos que a nossa visão é a única válida, e isto atrapalha de ir, de ver mais além, e compreender outras perspectivas diferentes.

05 abril 2024

TOLERÂNCIA, POSTULADO KARDECISTA

Saulo de Meira Albach - Procurador na Prefeitura Municipal de Curitiba, músico e atual presidente do CPDoc (Centro de Pesquisa e Documentação Espírita) 

O Espiritismo Kardecista ao defender a liberdade de pensamento e de consciência (crença), como se vê nas questões 833 a 842 de “O Livro dos Espíritos”, bem como ao excluir como critério de acesso à suprema felicidade a filiação a uma Igreja ou à verdade absoluta (posto que todos os sistemas de crença entendem possuir a verdade), elegendo em seu lugar a caridade – que pode ser praticada por todos, como se vê no Capítulo XV de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, deixa evidente sua adesão ao postulado da tolerância.  Em “O Que é o Espiritismo”, no interessante “diálogo com o padre”, Allan Kardec afirma que “a liberdade de consciência é consequência da liberdade de pensar, que é um dos atributos do homem; e o Espiritismo, se não a respeitasse, estaria em contradição com os seus princípios de liberdade e tolerância”.[1]