10 setembro 2012

DECLARAÇÃO FINAL DO XXI CONGRESSO ESPÍRITA PAN-AMERICANO


 
                          CARTA DE SANTOS
 
          Os participantes do XXI Congresso Espírita Pan-Americano, da CEPA, que teve como tema central “Perspectivas Contemporâneas da Teoria Espírita da Reencarnação”, realizado na cidade de Santos, São Paulo, Brasil, de 5 a 9 de setembro de 2012, emitem a presente Declaração, a partir de propostas, ideias e conceitos expostos e debatidos no referido evento:

 1- As estatísticas demonstram que a crença na reencarnação ou sua aceitação como hipótese científico-filosófica ganha expansão em todos os continentes, independentemente das tradições culturais e religiosas de seus respectivos povos e nações.

 2- Episódios cada vez mais frequentes de recordações espontâneas de prováveis vidas passadas, especialmente em crianças, assim como o emprego de hipnoses regressivas e experiências mediúnicas acessando presumíveis vidas anteriores à atual existência física, oferecem hoje rico manancial de estudos apto a fornecer suporte fático à teoria reencarnacionista.

3- A aceitação da hipótese palingenésica, especialmente a partir da perspectiva racional e filosófica, apoiada em indícios e/ou evidências que se verificam no campo da ciência experimental, vem ao encontro das propostas fundamentais do Espiritismo, enunciadas nas obras básicas de Allan Kardec e em obras complementares de filósofos, cientistas, estudiosos, escritores e pensadores que, depois dele, vêm desenvolvendo a teoria espírita numa perspectiva progressista, laica e livre-pensadora. 
4- Como resultado desse sério e fecundo labor, é possível, no presente estágio cultural da Humanidade, apresentar a teoria reencarnacionista espírita como um novo paradigma filosófico e científico a merecer a apreciação, o estudo, o aprofundamento da pesquisa e a aplicação prática em todas as áreas do conhecimento e do agir humano.

5- Para que a teoria espírita da reencarnação possa, efetivamente, ser assimilada como um novo paradigma filosófico e científico, entretanto, será mister oferecê-la à cultura humana, não mais como um artigo de fé religiosa, mas como conhecimento capaz de dotar o indivíduo e a sociedade de responsabilidade pessoal e coletiva  sobre o progresso individual e social.
6- Sublinhe-se que, a partir da visão genuinamente espírita, a reencarnação não é um fim em si mesmo. Ao contrário, é um meio idôneo, necessário, insubstituível, inserido em um processo multifacetado, dinâmico, parte integrante que é dos mecanismos da evolução, princípio científico consagrado pela modernidade.

7- À luz da filosofia espírita, a reencarnação pode ser vista como poderoso instrumento de busca da justiça social, reduzindo, progressivamente, as desigualdades e injustiças sociais. Estas jamais devem ser interpretadas como decorrentes de suposta vontade divina, mas como resultado do orgulho, do egoísmo e do desrespeito às leis naturais. A proposta ética espírita combate esses vícios humanos e contribui com a construção de uma sociedade mais justa e solidária.
8- Diferentemente de antigas crenças, como a da metempsicose, ou de algumas concepções ainda vigentes em doutrinas reencarnacionistas que se dizem inspiradas no cristianismo, no hinduísmo ou em outras concepções religiosas do mundo atual, a palingênese espírita defende que o espírito reencarna para progredir e não para resgatar culpas. Por isso mesmo, a visão reencarnacionista espírita é essencialmente pedagógica, exercendo importante papel na progressiva educação do espírito imortal.

9- Plenamente inseridos nas propostas contemporâneas em favor da preservação dos recursos naturais indispensáveis à vida saudável presente e futura, os espíritas devem envidar constantes esforços em prol de uma teoria espírita reencarnacionista sustentável, apta a contribuir para a conscientização da Humanidade no sentido de evitar o consumismo exagerado e a falsa prosperidade.
10- A visão palingenésica espírita, enfim, liberta o espírito do dogmatismo religioso e de quaisquer posturas sectárias. Construída a partir das propostas contidas na obra de Allan Kardec e de seus interlocutores espirituais, e permanentemente aperfeiçoável pela contribuição progressista e livre-pensadora que resulta do intercâmbio entre a Humanidade encarnada e desencarnada, é, no entender dos espíritas aqui reunidos, eficiente instrumento de autoconhecimento, de educação e de progresso ético individual e coletivo. Afinada com as leis naturais, especialmente com os valores de Justiça, Amor e Caridade, que as sintetiza, a reencarnação, tal como sistematizada na teoria espírita, contém, dessa forma, elementos de convicção científicos, filosóficos e éticos de caráter universal. Graças à sua visão reencarnacionista, fundada na evolução e no progresso, pode o Espiritismo oferecer à Humanidade, nesta quadra da História, um novo paradigma capaz de aproximar culturas e irmanar povos, em favor do Progresso, da Paz e da Fraternidade. 

        Santos, São Paulo, Brasil, 9 de Setembro de 2012 
 
         

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