Relato da companheira Eneida Barreto
Palestras interessantes e debates
ricos em qualidade marcaram o VII Fórum do Livre-Pensar da Baixada Santista,
realizado em Santos-SP, em promoção da CEPABrasil, representada pela presidente
Alcione Moreno.
Paulo Muniz abriu o
encontro coordenado por Miriam Moreira no CEÂngelo Prado, abordando o tema
"Mediunidade sob perspectiva laica e livre-pensadora",
desmistificando a superioridade e o dom divino atribuídos a médiuns, a pretensa
verdade incontestável de livros espíritas e das mensagens mediúnicas.“Trata-se
de processo de desenvolvimento intelectual, na comunicação mente a mente, em
que pessoas comuns, com responsabilidade, seguem seus anseios de vida sem
privilégios nem merecimento maior”.
Bernardino Jr, a
seguir, preferiu o debate imediato, atendendo a questões dinâmicas. Ressaltou o
cuidado necessário em manifestações de guia espiritual, porque “mediunidade não
tem dono, não tem chefe”. Também refutou a máxima de que todos teriam
mediunidade ostensiva a desenvolver. E surpreendeu com o pensamento sugerido
por um espírito amigo: “mediunidade não se desenvolve; se gerencia; deve ser
cuidada como gestor de vida". Um assunto para boa discussão.
No segundo dia do evento, no CE.Allan
Kardec, Eugênio Lara e Ricardo Nunes
falaram sobre o "O Posicionamento do Espíritismo Laico frente ao
Cristianismo", sob coordenação de Regina Celi Pedron.
Eugênio ratificou a
visão universalista de Allan Kardec sobre a doutrina e sua alteridade no trato
das religiões. Para o codificador, o espiritismo seria elo entre racionalidade
e fé, adotando, portanto, postura de conciliação, nunca de ruptura. De forma
clara, instigando sobre as diferenças de
identidade da doutrina espírita e das religiões, Ricardo lembrou que o
espiritismo laico não significa antirreligioso e, sim, areligioso, respeitando
as confissões religiosas, sem contudo compartilhar de seus postulados e
buscando outros caminhos.
Fechando o encontro, no ICKS, Ademar dos
Reis e Alexandre Machado analisaram a "Reencarnação sob a Visão Espírita
do Livre Pensar", tendo Roberto Rufo como coordenador. Para Ademar,
trata-se de tema sujeito a certa confusão, considerando-se a mistificação entre
os religiosos que enxergam a reencarnação como processo tutelado pela espiritualidade,
justificando o fatalismo e toda sorte de desigualdade humana.”Importa o que somos no presente e o
que seremos no futuro”.
Alexandre deixa a
pergunta:“quanto mais evoluimos, mais ou menos vezes reencarnamos?
“Reencarnamos mais, explica, quando beiramos hoje aos 7 bilhões de humanos.
Dado o aumento populacional, guardamos a evidência de que nosso espírito
desenvolveu-se aqui mesmo na terra, seguindo evolução natural das espécies,
como resultado dos mecanismos de adaptação ao meio”.
Encerrado com clima festivo, em
comemoração aos 25 anos de existência do Jornal ABERTURA,criado pelo pensador
espírita Jaci Regis,desencarnado, o Fórum foi realizado pelo CEs.Allan Kardec,
Amor Fraterno Universal, Ângelo Prado, Fraternidade Espírita, León Denis, Missionários
da Luz, Geta e Instituto Cultural Kardecista de Santos. A iniciativa mostra a importância de um
espaço para reflexão de novas ideias libertadoras que estimulem o homem a abrir
a mente e despertar para construções positivas em seu caminho de evolução. Sem
um determinismo avassalador, o pecado que paralisa, a punição e o resgate que
escravizam ou o salvacionismo que a tudo justifica, mas certo de que, como
alertava o escritor Guimarães Rosa, 'o que a vida quer da gente é coragem'.
Coragem para sempre recomeçar e avançar em conhecimento e atitude fraterna,
apesar das dificuldades da existência. Ou talvez por isso mesmo.
A SEGUIR, ALGUNS FLAGRANTES DO ENCONTO
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