20 junho 2025

Dignidade e Indignação - Milton R. Medran Moreira

 

Dignidade e Indignação 

Editorial do CCEPA Opinião de setembro/2013, Editor Chefe: Milton R. Medran Moreira                                                                                                  

"A cultura do espírito aumenta os sentimentos de dignidade e de independência." (Herbert Spencer)

          A luta pela dignidade humana nasce da indignação. A capacidade de indignar-se diante da injustiça, da desigualdade, das violações à liberdade, da corrupção, é o combustível que move o indivíduo e as coletividades à efetiva ação por uma sociedade melhor.

          É preciso ter isso presente ao se analisar os movimentos sociais que, neste momento, marcam as relações entre segmentos da sociedade e o poder. Eles são indício do amadurecimento dessa capacidade de indignação que explode, reivindicando mudanças. Quem é capaz de se indignar mostra crescimento de conscientização de seu próprio potencial transformador e se sente estimulado à concreta ação transformadora.

          Mas afoitos, nem sempre e nem todos os jovens levam em conta um aspecto: a democracia, suada conquista que mal começa a se consolidar entre nós, também nasceu e se institucionalizou a partir da indignação e da ação destemida de gerações precedentes. Etapa recente de nossa história institucional, a democracia não será capaz de sobreviver sem a ordem que lhe é elemento indispensável.

          Ao mesmo tempo em que assiste a uma saudável onda de manifestações em prol de inadiáveis melhorias no campo da educação, da saúde, da moralidade pública, a Nação também tem se deparado com lamentáveis cenas de invasão, depredações e vandalismo ao patrimônio público e privado. E esse não é um bom sinal. Retrata a presença entre nós de espíritos que se demoram em estágios de barbárie incompatível com os avanços éticos e sociais já conquistados. Sobra-lhes indignação, mas lhes falta civilidade. Educá-los é tarefa do Estado, da sociedade organizada e de cada um de nós mediante o exemplo e ações positivas em favor do bem.

                  

                     Impulsionar nossas momentâneas e circunstanciais

                     indignações à busca da dignificação integral do espírito

                     humano é tarefa que nos impõe a vida.

         

          A par da inserção social, no setor que melhor corresponda à capacidade individual de cada um, a nós, espíritas, cabe contribuir, fundamentalmente, com o que de melhor e mais genuíno tem o espiritismo: a sua filosofia, sua proposta de compreensão de homem e de mundo. A filosofia espírita é profundamente libertadora. Desperta no indivíduo a consciência de que ele é o primeiro agente da conquista de sua felicidade. E que esta é construção gradual que se estende vidas a fora, nas necessárias etapas do espírito rumo à plenitude. Essa visão gera sentimentos de solidariedade e de corresponsabilidade no progresso do mundo, de seus povos e instituições.

          Impulsionar, pois, nossas momentâneas e circunstanciais indignações à busca da dignificação integral do espírito humano é a tarefa que nos impõe a vida. Mas, isso exige de cada um, ordem, disciplina, obediência às leis, pois que, sem elas, ao invés de nos tornarmos agentes do progresso, estaremos dando margem ao retrocesso que atenta contra as leis da natureza.

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