Editorial do CCEPA Opinião de setembro/2013, Editor Chefe: Milton R. Medran Moreira
"A cultura do espírito aumenta os sentimentos de dignidade e de independência." (Herbert Spencer)
A
luta pela dignidade humana nasce da indignação. A capacidade de indignar-se
diante da injustiça, da desigualdade, das violações à liberdade, da corrupção,
é o combustível que move o indivíduo e as coletividades à efetiva ação por uma
sociedade melhor.
É preciso ter isso presente ao se
analisar os movimentos sociais que, neste momento, marcam as relações entre
segmentos da sociedade e o poder. Eles são indício do amadurecimento dessa
capacidade de indignação que explode, reivindicando mudanças. Quem é capaz de
se indignar mostra crescimento de conscientização de seu próprio potencial transformador
e se sente estimulado à concreta ação transformadora.
Mas afoitos, nem sempre e nem todos os
jovens levam em conta um aspecto: a democracia, suada conquista que mal começa
a se consolidar entre nós, também nasceu e se institucionalizou a partir da
indignação e da ação destemida de gerações precedentes. Etapa recente de nossa
história institucional, a democracia não será capaz de sobreviver sem a ordem
que lhe é elemento indispensável.
Ao mesmo tempo em que assiste a uma
saudável onda de manifestações em prol de inadiáveis melhorias no campo da
educação, da saúde, da moralidade pública, a Nação também tem se deparado com
lamentáveis cenas de invasão, depredações e vandalismo ao patrimônio público e
privado. E esse não é um bom sinal. Retrata a presença entre nós de espíritos
que se demoram em estágios de barbárie incompatível com os avanços éticos e
sociais já conquistados. Sobra-lhes indignação, mas lhes falta civilidade.
Educá-los é tarefa do Estado, da sociedade organizada e de cada um de nós mediante
o exemplo e ações positivas em favor do bem.
Impulsionar nossas
momentâneas e circunstanciais
indignações à busca da dignificação
integral do espírito
humano é tarefa que nos
impõe a vida.
A par da inserção social, no setor que
melhor corresponda à capacidade individual de cada um, a nós, espíritas, cabe
contribuir, fundamentalmente, com o que de melhor e mais genuíno tem o espiritismo:
a sua filosofia, sua proposta de compreensão de homem e de mundo. A filosofia
espírita é profundamente libertadora. Desperta no indivíduo a consciência de
que ele é o primeiro agente da conquista de sua felicidade. E que esta é
construção gradual que se estende vidas a fora, nas necessárias etapas do
espírito rumo à plenitude. Essa visão gera sentimentos de solidariedade e de
corresponsabilidade no progresso do mundo, de seus povos e instituições.
Impulsionar, pois, nossas momentâneas
e circunstanciais indignações à busca da dignificação integral do espírito
humano é a tarefa que nos impõe a vida. Mas, isso exige de cada um, ordem,
disciplina, obediência às leis, pois que, sem elas, ao invés de nos tornarmos
agentes do progresso, estaremos dando margem ao retrocesso que atenta contra as
leis da natureza.
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