Jailson Lima de Mendonça* - Santos/SP
Este texto teve como motivação alguns
questionamentos e reflexões sobre nosso comportamento, em especial como
espíritas, a responsabilidade do exemplo e também do distanciamento entre o
discurso e a ação no contexto que vivemos.
Consideramos interessante a
capacidade que temos de nos indignar momentaneamente quando recebemos uma
notícia ou um post nas redes de
informação em especial as sociais, as quais muitas vezes nos causam tristeza,
revolta mesmo, enquanto em outros nos levam à reflexão sobre nossa própria
vida, valores, potencialidades e limitações.
Em alguns casos, no sentido positivo,
nos embebecemos de uma vontade que antes não estava presente, como se fora um
impulso, um pensar o que não havíamos pensado, um querer assumir e acreditar
que somos capazes de realizar. Em outros, no sentido negativo, nos sentimos
fragilizados, às vezes impotentes, mas que nos incita pra fazer, mudar,
realizar, mas que no geral se vai esvaindo e voltamos ao nosso estado de ser tentando
nos conformar de que não podemos fazer mais do que já estamos fazendo. Será?!
Vivemos em um mundo onde, ainda, as
pessoas são analisadas, julgadas e criticadas pela aparência, pelo visual, por
suas posses e não estamos preocupados com o que os outros efetivamente tem a
oferecer, qual a contribuição que tem pra dar e agregar ao meu próprio
aprendizado.
As notícias que vemos ou fatos que
presenciamos no geral nos deixam inertes, como se não tivéssemos nada a ver com
isso. E vem o inquietamento, pois é difícil acreditar que vivendo no século XXI
com a imensidão de conhecimento e informações que já foram desenvolvidos,
pensados e escritos, não nos parece crível que agimos desta ou daquela maneira
e que muitas das atitudes que consideramos aceitáveis parecem exceções.
Verificamos que a construção efetiva
se dá num passo muito menor do que da nossa capacidade criativa e intencional.
A execução, o agir, esbarra em uma série de artefatos, concretos ou não, que a
nossa vontade não consegue transpor. E porquê?
Somos todos iguais na origem, e espíritos
num processo natural de desenvolvimento individual, com livre arbítrio e
inteligência, mas que necessariamente passamos ou adquirimos aprendizado
através da relação com o outro.
Quando falamos da distância entre o discurso e
ação, será que o falar, por si só não seria uma ação? Já que ao falarmos
estamos de alguma forma nos comprometendo ou influenciando aquele que escuta?
As ações dos seres humanos, ou
melhor, dos espíritos encarnados, são representadas por uma linguagem verbal ou
não que de toda forma gerará consequências a partir da capacidade
representativa do autor e sua vontade, ou seja, do seu campo de influência e
dos diversos motivos que animam os interesses pessoais e coletivos.
E nesse momento que vivemos um
período de revisão de valores é preciso ceder espaço à reflexão de que quanto
mais se assume o que se é, embora não sem dor, abre-se caminho para a
felicidade.
Não dá
para fugir, se aqui estamos, estamos para fazer e realizar, assumindo a
responsabilidade dos nossos pensamentos, ações e comportamentos, ou seja, a
parte que nos cabe na construção de uma nova sociedade mais ética, justa e
fraterna.
Questionamentos,
dificuldades, resistências e reflexões haverão, mas não há mudanças sem esforço
e comprometimento.
Somos
espíritos e temos nosso livre-arbítrio o que significa a possibilidade de
optarmos entre muitas variáveis, exercendo o direito de escolha e praticando o
exercício da vontade como garantia do poder de executar nossa decisão. Ora,
todas essas atitudes só se concretizarão a partir de uma base de conhecimento
do porquê, das razões e de se ter um consistente objetivo para a vida.
Portanto, devemos agir com
parcimônia, mas quais são os limites da virtude da tolerância? Pensamos que
pode se resumir em dois princípios: “Não faças aos outros o que não queres
que te façam a ti” e “Não deixes que te façam o que não farias a outrem”.
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*Jailson Lima de Mendonça, casado,
advogado e contador, Presidente do Centro Espírita Beneficente Ângelo Prado,
Santos/SP e ex-presidente da CEPABrasil.
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