Claudia Regis Machado*
É
da natureza humana fazer um julgamento, uma avaliação do mundo de acordo com suas
crenças.
Não
estou restringindo aqui ao aspecto moral do que é certo ou errado, mas um olhar
que abrange vários itens da vida humana onde está contido também a perspectiva
ética que compõem nossas crenças, a nossa percepção de mundo.
Cada
pessoa é um mundo, que passa por situações e vivencias com as
com as quais sofreu e aprendeu, que só ela conhece e compreende.
Na maioria das vezes acreditamos que a nossa visão é a única válida, e isto atrapalha de ir, de ver mais além, e compreender outras perspectivas diferentes.
Precisamos
ter uma abertura para saber que cada pessoa observa o mundo, o cotidiano sob
seu próprio prisma, com lentes pessoais assim como nós.
Não
existe problemas no processo de julgar, isto só passa a existir quando
executamos de forma precipitada e imediatista. Não tomando cuidado de analisar
o quanto sabemos daquela situação, daquela pessoa e o quanto não nos
familiarizamos com o contexto que está inserido. Todos têm direito de expressar
sua opinião, emitir seu ponto de vista e ser respeitado. Julgar não significa
justificar os atos dos outros.
“Eu tenho a minha verdade e você tem a sua. Respeito é eu validar sua verdade, ainda que eu não a compreenda ou discorde de você”.
Não
somos juízes, não estamos fazendo justiça, mas dando um parecer, uma opinião.
O
que condenamos sempre, são os preconceitos tidos como crimes e as falsas
informações com a intenção de difamar e prejudicar o outro.
Expressar
e compartilhar pontos de vista não quer dizer convencer o outro nem que sua
opinião deva prevalecer sobre a outra. Mas nem por isso devemos deixar de falar
porque existimos a partir das nossas verdades, que não são imutáveis.
Troca
de opiniões, através do diálogo é ouvir e transmitir com serenidade.
As
diferenças não são negativas pois ajuda a abrir a mente diante de diversas
situações e a liberdade para se repensar ou não, nossa visão de mundo.
Os julgamentos que realizamos são permeados por valores e preconceitos que carregamos dentro de nós. Revelam muito a respeito de nosso caráter, nossa personalidade e até como anda a nossa vida e quando nos desconhecemos, apesar de ser uma análise simplista, somos muito mais complexos tendemos como mecanismo de defesa projetar no outro, atribuir aos outros, nossos defeitos, sentimentos e desejos; que em psicanálise é uma forma do indivíduo defender-se dos próprios desejos imputando-os a outro sujeito.
“A alma sempre tende a julgar os outros segundo o que pensa de si mesma”
– Giacomo Leopardi –
Infelizmente
executamos o ato de julgar com mais facilidade em relação ao outro do que a
nossa própria avaliação. A postura muda quando somos julgados, sentindo-nos
sensibilizados e incomodados.
Por
isso quando o foco do julgamento é o comportamento do outro devemos sempre ter
em mente: o que pretendemos realmente? É fazer com que os outros vejam nossa
visão de mundo? Devemos ter a consciência que nosso padrão, nosso modo de ver o
mundo não é o único.
Devemos ter cuidado para que nossos julgamentos não sejam uma especulação da vida alheia e que o uso não seja indiscriminado e virem fofoca pois geralmente se propagam rapidamente.
Abra sua mente e permita-se descobrir novas perspectivas para ampliar a sua visão de mundo. Faça do exercício de autoconhecimento um hábito, tornando-se assim mais gentis e tolerantes em suas análises.
[Publicado no Jornal Abertura Nº 380 - novembro - 2021]
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*Cláudia Régis Machado é psicóloga, membro do ICKS (Instituto Cultural Kardecista de Santos); autora do livro infantil "Kadú e o espírito imortal".
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