Alexandre Cardia Machado*
As coisas estão mudando no Brasil, temos um governo de esquerda, ou melhor, para que possa governar uma aliança de centro-esquerda com as necessárias adaptações que viabilizam a governabilidade.
Já mais de uma vez escrevi, neste jornal, que ao caminharmos, nos
inclinamos ora para a esquerda, ora para a direita é o viabiliza o nosso
movimento bípede. Assim como o balaço humano, neste momento a política pende
para a esquerda.
Mas o momento atual requer maturidade de todos os espectros ideológicos. Os novos governantes precisarão ter o máximo cuidado com o que hoje costuma-se chamar de “compliance”, este foi sem dúvida alguma o maior problema das administrações de esquerda anteriores e que levou milhões de pessoas a se associarem a Bolsonaro em 2018. Bem, as leis que regem as ações governamentais foram aprimoradas no sentido de impedir ações que levem ao desperdício dos recursos públicos.
Como espíritas, queremos um país tranquilo, é inadmissível o que ocorreu
no dia 8 de janeiro em Brasília, uma vergonha que os brasileiros irão levar
para sempre como algo intolerável e um marco ruim na nossa história. Defender
democraticamente ideias é uma coisa, barbárie é inadmissível. O Brasil sempre
presenciou manifestações populares, de todos os matizes, algumas resultaram em
depredações que foram reprimidas como devem ser feitas sempre que haja
excessos.
Escrevi um editorial – “O
difícil caminho da democracia - novembro de 2016” donde extraio alguns pontos.
“ Este fenômeno de mudanças radicais no equilíbrio
dos partidos se dá de forma global, em muitos países, há costumeiramente uma
mudança, sempre que um governo lança um país em uma crise, ou não consegue sair
dela. Nestas condições acontecerá o que ocorreu na França, Itália, Grécia
e Espanha com guinadas ora para a esquerda, ora para a direita, só para citar
alguns exemplos. Mas a vontade popular é que a democracia sobreviva.
René Descartes dizia que o bom senso é a coisa mais
bem distribuída no mundo, pois todos nós pensamos tê-lo. Já Allan Kardec,
chamado por seus contemporâneos de o bom senso encarnado, já atribuía o bom
senso ao avanço intelecto-moral. Bem,
busquemos na política a busca pelo equilíbrio, que é proporcional ao bom senso
nosso de cada dia”.
Jesus de Nazaré falava muito do caminho do meio, os
budistas também, os espíritas racionalistas não podem ser diferentes, vejam o
texto que selecionei do Livro dos Espíritos:
Conclusões do Livro dos Espíritos, Parte IV por
Santo Agostinho
“ O progresso da Humanidade tem seu princípio na aplicação
da lei de justiça, de amor e de caridade, lei que se funda na certeza do
futuro. Tirai-lhe essa certeza e lhe tirareis a pedra fundamental. Dessa lei
derivam todas as outras, porque ela encerra todas as condições da felicidade do
homem. Só ela pode curar as chagas da sociedade
Comparando as idades e os povos, pode ele avaliar quanto a
sua condição melhora, à medida que essa lei vai sendo mais bem compreendida e
praticada. Ora, se, aplicando-a parcial e incompletamente, aufere o homem tanto
bem, que não conseguirá quando fizer dela a base de todas as suas instituições
sociais! Será isso possível? Certo, porquanto, desde que ele já deu dez passos,
possível lhe é dar vinte e assim por diante. Do futuro se pode, pois, julgar
pelo passado. Já vemos que pouco a pouco se extinguem as antipatias de povo
para povo. Diante da civilização, diminuem as barreiras que os separavam. De um
extremo a outro do mundo, eles se estendem as mãos.
Maior justiça preside à elaboração das leis
internacionais. As guerras se tornam cada vez mais raras e não excluem os
sentimentos de humanidade. Nas relações, a uniformidade se vai estabelecendo.
Apagam-se as distinções de raças e de castas e os que professam crenças
diversas impõem silêncio aos prejuízos de seita, para se confundirem na
adoração de um único Deus. Falamos dos povos que marcham à testa da
civilização.
A todos estes respeitos, no entanto, longe ainda estamos
da perfeição e muitas ruínas antigas ainda se têm que abater, até que não
restem mais vestígios da barbaria. Poderão acaso essas ruínas sustentar-se
contra a força irresistível do progresso, contra essa força viva que é, em si
mesma, uma lei da Natureza? Sendo a geração atual mais adiantada do que a
anterior, por que não o será mais do que a presente a que lhe há de suceder?
Sê-lo-á, pela força das coisas.
Primeiro, porque,
com as gerações, todos os dias se extinguem alguns campeões dos velhos abusos,
o que permite à sociedade formar-se de elementos novos, livres dos velhos
preconceitos.
Em segundo lugar, porque, desejando o progresso, o homem
estuda os obstáculos e se aplica a removê-los. Desde que é incontestável o
movimento progressivo, não há que duvidar do progresso vindouro.
O homem quer ser feliz e é natural esse desejo. Ora,
buscando progredir, o que ele procura é aumentar a soma da sua felicidade, sem
o que o progresso careceria de objeto.
Em que consistiria para ele o progresso, se lhe não
devesse melhorar a posição? Quando, porém, conseguir a soma de gozos que o
progresso intelectual lhe pode proporcionar, verificará que não está completa a
sua felicidade. Reconhecerá ser esta impossível, sem a segurança nas relações
sociais, segurança que somente no progresso moral lhe será dado achar.
Logo, pela força mesma das coisas, ele próprio dirigirá o
progresso para essa senda e o Espiritismo lhe oferecerá a mais poderosa
alavanca para alcançar tal objetivo. ”
Vamos, portanto nos concentrar em trabalhar, viver em paz
e ter atenção, pois quem está no governo neste momento é o Lula, e ele precisa
se focar naquilo para o qual foi eleito e conduzir o país para o progresso. O
momento é todo favorável, local e internacionalmente. Gostemos ou não a “bola”
está com ele.
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* Alexandre Cardia Machado, nascido em Porto Alegre – RS, Engenheiro
Mecânico, formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, pós-graduado
em Engenharia de Manutenção Mecânica pela UFRGS e em Engenharia de Controle de
Poluição pela UniSanta, MBA pela Amana Key –SP. No Espiritismo é associado do
Centro Espírita Allan Kardec de Santos, fundador do GPCEB – Grupo de Pesquisas
Científicas Espíritas Ernesto Bozzano. Associado e Presidente do Instituto
Cultural Kardecista de Santos, Editor Chefe e colunista do Jornal Abertura,
membro do Conselho da Comunidade Assistencial Espírita Lar Veneranda,
Conselheiro Fiscal da CEPA – Confederação Espírita Internacional.
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