Relato
de Ricardo
de Morais Nunes.
“Podemos analisar, refletir e denunciar
a intolerância, onde quer que se manifeste. Podemos sugerir regramentos
legislativos e jurídicos, além dos já existentes. Podemos realizar debates nos
meios de comunicação de nossas cidades, nas escolas, nas universidades, nos
centros espíritas, nas ruas, escrever artigos para publicação nos jornais, ou
nas redes sociais, etc. Só não devemos nos acomodar e silenciar, pois este é o
caminho mais curto para que a intolerância e o mal que ela representa sejam
banalizados, e se convertam em normalidade...”
(Trecho
da carta enviada pelo presidente da CepaBrasil Homero Ward da Rosa à comissão
organizadora do 10º Fórum Espírita do Livre-Pensar da Baixada Santista, que foi
lida na primeira noite do evento)
Foi
realizado, na cidade de Santos, no período de 08 a 10 de abril de 2015, o já
tradicional Fórum Espírita do Livre-Pensar da Baixada Santista. O fórum foi
promovido pelas seguintes instituições: Centro Espírita Allan Kardec, Centro
Espírita Beneficente Ângelo Prado, Instituto Cultural Kardecista de Santos,
Fraternidade Espírita, Grupo Espírita Léon Denis, Centro Espírita Missionários
da Luz e Centro Espírita Amor Fraterno Universal, com o apoio da CEPABrasil.
Foram
três noites destinadas à discussão do fenômeno da intolerância, sob três
aspectos: político, religioso e científico.
Na
primeira noite, Alexandre Cardia Machado e Ricardo de Morais Nunes trataram do
aspecto político. Alexandre resgatou a perspectiva histórica do problema,
lembrando a todos que desde as mais remotas civilizações o homem construiu
muros para se proteger e separar dos outros homens. Destacou, ainda, a sede de
poder e domínio que atravessa toda a história da humanidade, desde os grandes
impérios do passado até a contemporaneidade.
Já o
foco de Ricardo, foi o século XX, com os seus totalitarismos, imperialismos e
regimes autoritários. Refletiu, igualmente, sobre o sectarismo político dos
últimos tempos em nosso país, o qual tem invadido as ruas e as redes sociais.
Alexandre
e Ricardo destacaram, finalmente, que o espiritismo propõe uma cultura de paz e
respeito à alteridade, com vistas à resolução dos problemas sociais e
políticos.
Na
segunda noite, foi a vez de Jailson Lima de Mendonça e Mauro de Mesquita
Spínola, os quais trataram do problema da intolerância religiosa. Jailson
lembrou a multiplicidade de religiões existentes no planeta, e ressaltou que
cada uma delas representa um ponto de vista bem específico sobre as questões do
ser e da vida. Acentuou que esta diferença interpretativa se dá, justamente, em
razão da liberdade de consciência que o homem possui em seu foro íntimo. Recordou,
ainda, os conflitos ocorridos ao longo da história entre os vários grupos
religiosos, e destacou o movimento ecumênico como tentativa de superação deste
estado de coisas.
Mauro,
por sua vez, lembrou que só é possível dialogar com quem deseja dialogar.
Defendeu o que chamou de “intolerância contra a intolerância”, tendo
argumentado que, às vezes, é necessário deixarmos evidente nossa discordância
em relação àqueles que se apresentam na sociedade como donos da verdade, e
desejam impor suas convicções aos outros, sem nenhum respeito ao pensamento
alheio. Segundo Mauro, existem ocasiões em que devemos dizer claramente “não
concordo com você”.
Jailson
e Mauro salientaram, ao final de suas exposições, a importância do respeito à
liberdade de consciência e crença. Recordaram ambos que tal liberdade, além de
ser uma proposta espírita, possui amparo na
Constituição Federal do Brasil.
Na
última noite, tivemos o encerramento com Ademar Arthur Chioro dos Reis e
Reinaldo Di Lucia, que trataram da intolerância nos meios científicos. Reinaldo
destacou que o cientista contemporâneo é muito diferente do cientista do
passado. O cientista do passado ainda era alguém motivado por certo idealismo
da descoberta, a qual podia ser feita, inclusive, em seu próprio laboratório, coisa
impensável nos dias atuais. Afirmou que a atividade científica, na contemporaneidade,
é extremamente profissional e custa muito dinheiro. Segundo Reinaldo, as
questões do espírito não estão na pauta dos cientistas de hoje, os quais
possuem reputações e vidas construídas em suas áreas de pesquisa, a partir do
paradigma materialista vigente na atualidade.
Ademar
refletiu sobre a realidade da ciência no universo dos interesses econômicos do
sistema capitalista de produção. Defendeu a ideia de que a pesquisa científica
sobre o tema espiritismo, na atualidade, tem tido maiores oportunidades no
campo das ciências sociais. Quanto ao campo das chamadas ciências naturais, Ademar
entende que ainda há grande rejeição e desinteresse a este tipo de pesquisa
nesta área.
Reinaldo
e Ademar afirmaram, no entanto, que o espiritismo tem seu caminho próprio
enquanto filosofia, podendo dialogar e contribuir com o pensamento
contemporâneo, pois a ciência não é a única forma de produção de conhecimento.
Tivemos
um público médio de 80 pessoas, as quais ficaram encantadas em presenciar uma
reflexão espírita tão aberta e atualizada com os nossos tempos. No espaço
destinado a perguntas, foram feitas questões interessantíssimas que
contribuíram para o aprofundamento dos temas tratados.
A
comissão organizadora do 10º Fórum Espírita do Livre-Pensar da Baixada Santista,
sob a coordenação de Jailson Lima de Mendonça, se sente feliz por ter realizado
mais este evento, que propõe à sociedade uma reflexão espírita progressista e livre-pensadora.
Ainda
para este ano de 2015 estão programados dois importantes eventos com o apoio da
CepaBrasil: o VII Fórum do Livre-Pensar Espírita, que será realizado no estado
do Espírito Santo, no período de 29 a 31 de maio de 2015, e o tradicionalíssimo
XIV Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita,
que irá se realizar na cidade de Santos, no período de 30 de outubro a
1º de novembro de 2015.Finalmente, no primeiro semestre de 2016, teremos a
realização do XXII Congresso Espírita Pan-Americano, que será realizado na
Argentina.
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