26 julho 2024

19º ENLIHPE Encontro Nacional daLiga de Pesquisadores do Espiritismo24 e 25 de AGOSTO de 2024 Tema: 160 anos de O evangelho segundo o espiritismo

 19º ENLIHPE Encontro Nacional daLiga de Pesquisadores do Espiritismo 24 e 25 de AGOSTO de 2024.

Local : União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo

Rua Dr. Gabriel Piza, 433 - Santana /São Paulo - SP

Tema: 160 anos de O evangelho segundo o espiritismo

 Inscrição presencial R$ 35,00
Acesse bit.ly/19enlihpe-inscricao


PROGRAMAÇÃO
SÁBADO
24 de agosto de 2024
8h30 Abertura e apresentação artística
8h45 Palavras iniciais: LIHPE / CCDPE-ECM / USE SP
Representantes
9h00 Homenagem a Jáder Sampaio - Julia Nezu
9h20 Apresentação 1 – O evangelho segundo o espiritismo: seu contexto e proposta
Ricardo Terini
9h40 Perguntas e comentários
10h00 Apresentação 2 – A hermenêutica bíblica em O evangelho segundo o espiritismo
Daniel Salomão
10h20 Perguntas e comentários
11h00 Apresentação 3 – A mediunidade curadora no livro Imitação do evangelho segundo o
espiritismo - Luciana Farias e Silvio Chibeni
11h20 Perguntas e comentários
11h40 Exposição da proposta de normalização de referência em Kardec - Brasil Fernandes
14h Convidado – 160 anos de O evangelho segundo o espiritismo -
Antonio Cesar Perri de Carvalho
14h50 Apresentação 4 – A ciência contida em O evangelho segundo o espiritismo
Alexandre Fontes da Fonseca
15h10 Perguntas e comentários
15h50 Lançamento de livros
17h00 Encerramento das atividades do dia

DOMINGO
25 de agosto de 2024
8h30 Abertura e apresentação artística
9h00 Apresentação 5 – O aspecto religioso da Doutrina Espírita
David Monducci
9h20 Perguntas e comentários
9h40 Apresentação 6 – A singularidade de O evangelho segundo o espiritismo
Luís Jorge Lira Neto e Luciana Farias
10h00 Perguntas e comentários
10h40 Convidado – A boa nova trazida pelo espiritismo
Marco Milani
11h20 Encerramento

Apoio:








20 julho 2024

O GRANDE PROBLEMA DA TRANSEXUALIDADE

 

Reinaldo Di Lucia
Engenheiro Químico, Membro do Centro Espírita Allan Kardec de Santos, do Centro de Pesquisa e Documentação Espírita - CPDoc, e do Cultura Espírita Livre Pensar e CEPA

O grande problema da transexualidade não é, irônica e tragicamente, a própria transexualidade e menos ainda, o ser transexual.
Somos nós, os chamados Cisgêneros, o grande problema! Aqueles que são a maioria da Humanidade e, em sua grande parte, vivem e exercitam uma visão maniqueísta, binária e excludente.  Vivemos no terceiro milênio; mas nossa visão de mundo se encontra há dois séculos passados.
Olvidando que o universo é o maior exemplo de diversidade e de diferenças infinitas, ainda não conseguimos aceitar plenamente aquele que não se nos apresenta, à nossa própria imagem e semelhança. Aceitamos somente o espelho.
Talvez, muitas vezes, rejeitemos o diferente porque tendemos ao seguro e ao estabelecido, que não nos impele a questionamentos e crises conscienciais.
Mas, lentamente, a sociedade vem mudando.  Os chamados invisíveis clamam por seu lugar no mundo, por respeito, por acolhimento e por cidadania. Com seus direitos e deveres.
Querem ser vistos e ouvidos... E nós, enquanto sociedade, não mais podemos negá-los e devemos escutar seus anseios e medos.
É bem verdade que, ao se fazerem notar, algumas vezes, fazem tremer os alicerces de nossa sociedade, gerando situações ainda não esclarecidas e, menos ainda, resolvidas. Somente com o tempo e o avanço do conhecimento é que poderemos melhor compreendê-las.
As questões de trabalho, de atendimento à saúde, de participação nos esportes e até de uso de sanitários.  Onde situar o transexual? Estes são muitos dos questionamentos dos Cisgeneros.
Afinal, a mulher trans (um indivíduo nascido biologicamente homem, mas que se identifica com o gênero feminino) deverá disputar esportes com mulheres cis? Se presidiária, deve cumprir pena em uma penitenciária feminina ou masculina? Deve utilizar o sanitário feminino ou masculino?  Os mesmos questionamentos surgem com o homem trans (indivíduo nascido biologicamente mulher, mas que se identifica com o gênero masculino).
Divergências e até processos tem ocorrido em razão disto, conflitos entre Cis e Trans.
É chegado o momento de realmente enxergarmos o Transexual.  Nos atemos a seu sexo biológico, o que não é a sua essência.  É simplesmente um Espírito que se sente Homem ou Mulher, independentemente do seu corpo.  Essa é a questão.  Não podemos mais os ver como um homem que quer ser mulher, porque ele é uma mulher, ainda que num corpo masculino.
E não podemos os ver como uma mulher que quer ser homem, porque ele é um homem, ainda que num corpo feminino.
É como o Espírito se vê e sente-se. E devemos respeitar quem são e como se veem. Precisamos ver além... além da pele, além do corpo.... A ALMA!
Ao fazermos isto, conseguiremos acolhe-los e respeita-los.  Muito mais que as lutas que vivem para adequar o seu corpo ao seu Espírito, os sofrimentos imensos que suportam são decorrentes de nosso comportamento enquanto sociedade.  Da forma com que os tratamos: negando, rejeitando, maltratando, agredindo e até matando! Trata-se de garantir-lhes os tão discutidos Direitos Humanos. 
E quem melhor do que nós, espíritas, que compreendemos as múltiplas existências em diferentes vivencias, para estender os braços e com imenso carinho no olhar, acolhê-los?
Finalizando, para quem desejar, vale a pena ler os “Princípios de Yogyakarta”, dos quais o Brasil é signatário.  Foi publicado em novembro de 2016, como resultado de uma reunião internacional de grupos de direitos humanos realizado na cidade de Yogyakarta, na Indonésia. Contêm um conjunto de preceitos destinados a aplicar os padrões da Lei Internacional de Direitos Humanos ao tratar de situações de violação destes direitos referentes à orientação sexual e identidade de gênero.
Estes princípios foram complementados e ampliados em 2017, para incluir mais formas de Expressão de Gênero e características sexuais, além de vários novos princípios.

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Nota: Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos.
 

14 julho 2024

HOMENAGEM - À ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PEDAGOGIA ESPÍRITA - ABPE

À Associação Brasileira de Pedagogia Espírita – ABPE


Em nome do CPDOC – Centro de Pesquisa e Documentação Espírita e da CEPABrasil – Associação Brasileira dos Delegados e Amigos da CEPA, queremos parabenizar a ABPE – Associação Brasileira de Pedagogia Espírita pela realização do evento KARDEC PARA O SÉCULO XXI nos dias 06 e 07 de julho de 2024, na cidade de Bragança Paulista.

Momentos de aprendizado, reflexão, confraternização, arte e mediunidade marcaram dois dias prazerosos de convívio com espíritas de diversas cidades do país.

Esperamos nos encontrar em outras oportunidades em eventos da ABPE, do CPDOC ou da CEPA sempre com o espírito aberto ao diálogo e à fraternidade que deve reunir os espíritas, especialmente os que buscam a “espiritualidade livre e crítica”!

 

Santos / Curitiba, 13 de julho de 2024.

Saulo de Meira Albach – Presidente do CPDOC

Ricardo de Morais Nunes – Presidente da CEPABrasil

01 julho 2024

A PALAVRA DA CEPA POR DANTE LÓPEZ

 

 LA CEPA EN ACCIÓN 

DANTE LÓPEZ

Ex-Presidente da CEPA (2008/2016)

É uma alegria imensa escrever este artigo para destacar a extraordinária experiência que vivemos no último mês de maio, na formosa Ilha de Porto Rico, onde compartilhamos dias inesquecíveis durante o 24º Congresso da CEPA.

Em meio ao calor e a eficiência dos anfitriões foram se sucedendo dias de enriquecedoras vivências. Conhecimentos novos relacionam-se com aqueles que foram reafirmados com o aporte de novas investigações.

O primeiro dia do Congresso começou com um presente dos anfitriões previamente preparado: um passeio pela Geografia e a Cultura Porto-riquenha. Compartilhamos uma viagem coletiva à cidade de Cabo Rojo. Ali pudemos visitar a centenária Instituição Espírita “Amor ao Bem”, onde fomos recebidos por sua Diretora Ana Troche e tivemos oportunidade de saudar nosso velho amigo Flavio Acarón, além de verificar o reconhecimento que mereceram ganhar os Espíritas de Cabo Rojo na Sociedade Civil da Ilha.

A partir do segundo dia, o elenco de oradores, coordenados magistralmente pela Comissão Organizadora, foi aportando aos assistentes presenciais e virtuais uma combinação de temas onde prevaleceu a atualidade da análise de temáticas transcendentais. O Espiritismo ratificou sua vigência, sendo reafirmada por todos e cada um dos expositores, embora também se observasse a maneira em que, seguindo as bases kardecianas, é permeado pela evolução do conhecimento humano.

Desde a primeira exposição de Yolanda Clavijo, que nos comoveu com sua experiência pessoal e suas conclusões baseadas na realidade da vida, pudemos ver a importância do enfoque da CEPA: Um Conhecimento Espírita livre-pensador, laico, sistemático, progressista e aberto a outros conhecimentos que o enriquecem e complementam. Deixando o auditório com a sensibilidade à flor da pele, Yolanda abriu as portas para temas tão variados e comovedores como a Educação, a Solidariedade posta em ação e os aportes da Ciência aos novos paradigmas da Espiritualidade.

Mais tarde, foram se sucedendo a apresentação de livros sobre Evolução e sua permanente mudança de paradigmas, assim coo a reafirmação da Palingenesia como método indispensável ao progresso do Espírito.

Percebeu-se um clima muito especial, obviamente criado por nossos amigos de Porto Rico, onde se sucederam mostras de afeto, presentes, música, alegria, combinados com os aportes intelectuais dos oradores no rumo da Atualização do Espiritismo como Filosofia de Consequências Morais e Éticas.

Viu-se a todo momento a importância da continuidade no Pensamento Cepeano que manteve viva a chama do Espiritismo Laico na figura da Presidente que deixava o cargo, Jacira da Silva, a quem oferecemos o reconhecimento por oito anos de árduo labor, acompanhada por uma excelente equipe, com a inestimável colaboração de seu esposo, o ilustrado e reconhecido espírita paulista Mauro de Mesquita Spínola.

O novo período que se abre a partir deste Congresso traz novas e jovens propostas impulsionando essa continuidade na CEPA, sob as mãos de José Arroyo, que, com uma equipe porto-riquenha e internacional, apresenta-se com a melhor disposição para continuar a tarefa.

A CEPA, nascida há 78 anos, promoveu e promove a Evolução e a Diversidade em seus processos de condução. Cada equipe que assumiu em cada período lhe legou suas características e enfrentou os desafios de cada época com a segurança de ter sempre vigentes os princípios kardecianos e principalmente os que Kardec deixou bem marcados: o Espiritismo evolucionará com o Conhecimento Humano, sob pena de perecer.

Estamos seguros de que este novo ciclo que se inicia, com a condução de nosso amigo José Arroyo relança a CEPA  a uma etapa de consolidação e crescimento. Por isso, desde esta coluna, e com a experiência de conhecer o desafio que representa cada etapa, desejamos a ele manter a sua alegria e seu otimismo, levando-nos ao futuro possível.

No Congresso ficou amplamente demonstrada a capacidade de planejamento e execução, razão suficiente para a tranquilidade quanto ao futuro da CEPA.

Obrigado, José e toda a equipe, pela disposição ao trabalho de divulgação do Espiritismo!

 

 

 

 

 

 

26 junho 2024

NOVO CONSELHO EXECUTIVO - Jacira Jacinto da Silva passa a Presidência da Cepa a José Arroyo

                                                NOVO CONSELHO EXECUTIVO

Assembleia Geral em que Jacira Jacinto da Silva 
passa a Presidência da Cepa a José Arroyo

Os congressos da CEPA, realizados de quatro em quatro anos, desde sua fundação, em 1946, também reúnem sua Assembleia Geral para eleger seus dirigentes. Tradicionalmente, sua presidência e vices obedecem a rodízio, no qual contemplam os principais países onde a CEPA tem instituições filiadas. Eis sua nova composição:

 Presidente: José Arroyo (Porto Rico); Vice-presidências regionais: Gustavo Molfino (América do Sul); Yolanda Clavijo Blas (Norte da América do Sul e Caribe); Daniel Torres (América Central e México); Jacques Peccatte (Europa). Assessores Internacionais: Jacira Jacinto da Silva, Dante López, Milton Medran Moreira e Jon Aizpúrua; Assessores Especiais: Rosa Diáz Outeriño (AIPE); Ricardo de Morais Nunes (CEPABrasil); Yolanda Clavijo (CIMA); Conselho Fiscal: Nydia Lozada, Alexandre Cardia Machado e Salomão Jacob Benchaya. Departamentos Técnicos: Ivete Ayala (Comunicação); Mauro Spínola (Investigação e Produção de Conteúdo).Coordenadores de áreas: Comunicação – Zoraida Diaz e Sandra Rodriguez (Criação de Audiovisuais e Mídias); Mercedes Culzoni e Vivian Mattei (Estratégia e Execução); Victor da Silva (Divulgação em Redes Sociais e Página WEB; Nelly Urruzola (Correspondência e Intercâmbio); Investigação e Produção de Conteúdo – Gustavo Molfino (Investigação); Ademar Chioro dos Reis, Mauro Spínola e Ricardo de Morais (Coleção Livre-Pensar Espírita);  Sandra Régis (Arte e Cultura).







20 junho 2024

TRIBUTO A EUGÊNIO

Postamos este artigo como uma homenagem póstuma ao querido Eugênio Lara, pensador espírita desencarnado em 6 de junho de 2024. Com nossa gratidão pelo legado ao espiritismo livre-pensador, humanista, plural e progressista.

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BOM SENSO E SENSO COMUM

Eugenio Lara*

Em diversas oportunidades Allan Kardec declara que o Espiritismo é uma questão de bom senso.
Segundo ele, é aí, também, que reside a sua autoridade e robustez: “Sua força está na sua filosofia, no apelo que dirige à razão, ao bom senso”. (O Livro dos Espíritos, Conclusão, item VI – FEB).

A questão do bom senso está sempre presente no pensamento de Allan Kardec. Isso pode ser detectado e observado na leitura de toda a Kardequiana. Mas, afinal, o que é esse bom senso de que o fundador do Espiritismo e os espíritos tanto falam?

Podemos começar a entender o que é esse bom senso no contexto kardequiano ao compreendermos que ele não é o “senso comum” usado no cotidiano pelas pessoas. Por se tratar de um conjunto de conhecimentos acumulados por determinado grupo social, o senso comum é cultural, baseado na tentativa e no erro. Não é científico, não é filosófico.

O senso comum produz espontaneamente um critério de verdade aceito por determinado grupo, herança dos costumes, sem que haja a reflexão, apenas segue-se a tradição, variando de cultura para cultura porque possui enraizamento cultural, social.

Já o bom senso exige reflexão, racionalidade. O critério de verdade eleito pelo bom senso está associado à reflexão filosófica, ao livre-pensar, ao uso da razão e da intuição, onde a intuição deve estar a serviço da razão e não o inverso. É por isso que o Espiritismo é uma doutrina racional, onde o bom senso exerce lugar de destaque.

O bom senso de Kardec é semelhante ao cartesiano. No Discurso do Método, o grande filósofo francês René Descartes inicia suas reflexões justamente sobre essa questão. Segundo ele, o bom senso “é a coisa mais bem distribuída do mundo” porque é igual em todos os homens. Descartes define o bom senso como “o poder de bem julgar e de distinguir o verdadeiro do falso”. Bom senso é sinônimo de razão.

Conceito semelhante desenvolve Allan Kardec em suas reflexões, onde o bom senso e razão são inseparáveis. Não existe razão sem bom senso e nem bom senso sem razão. Razão, lógica e bom senso são um trinômio inseparável no pensamento de Kardec, porque para ele o Espiritismo representa um pensamento peculiar, com identidade própria, que satisfaz, ao mesmo tempo, “à razão, à lógica, ao bom senso e ao conceito em que temos a grandeza, a bondade e a justiça de Deus” (...) pela fé inabalável que proporciona.” (O Céu e o Inferno, cap. I, segunda parte, 14 – FEB).

Segundo Allan Kardec, para se avaliar o valor, a qualidade dos Espíritos, “não há outro critério senão o bom senso”. “Absurda será qualquer fórmula que eles próprios deem para esse efeito e não poderá provir de Espíritos superiores”, conclui. (O Livro dos Médiuns, cap. XXIV, item 267 – FEB).

Quem julgará as interpretações diversas e contraditórias fora do campo teológico? – pergunta Kardec em Caracteres da Revelação Espírita. Ele mesmo responde: “O futuro, a lógica e o bom senso”. (A Gênese, cap. I – 29 – FEB).

Na primorosa introdução de O Evangelho Segundo o Espiritismo, acerca da análise de informações e conceitos oriundos dos Espíritos, Kardec é bem taxativo: devem ser rejeitados quando entrem em contradição “com o bom senso, com uma lógica rigorosa e com os dados positivos já adquiridos, (...) por mais respeitável que seja o nome que traga como assinatura”. (FEB – grifo meu).

Não foi à-toa que o grande astrônomo Camille Flammarion, em discurso fúnebre proferido no enterro do mestre lionês, chamou Allan Kardec de “O Bom Senso Encarnado”:

“Razão reta e judiciosa, aplicava sem cessar à sua obra as indicações íntimas do senso comum. Não era essa uma qualidade somenos, na ordem de coisas com que nos ocupamos. Era, ao contrário – pode-se afirmá-lo – a primeira de todas e a mais preciosa, sem a qual a obra não teria podido tornar-se popular, nem lançar pelo mundo suas raízes imensas”. (Obras Póstumas – FEB).

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*Eugenio Lara, arquiteto e designer gráfico, é membro-fundador do Centro de Pesquisa e Documentação Espírita, editor-fundador do site PENSE – Pensamento Social Espírita


10 junho 2024

PARABÉNS JACIRA!

 


                                   PARABÉNS JACIRA!

 

No  mês de maio de 2024 encerrou-se o período de 8 anos na presidência da CEPA - Associação Espírita Internacional - da brasileira e querida amiga Jacira Jacinto da Silva.Não iremos pormenorizar nesse artigo todos os atos e objetivos  de seu mandato, o que não é o caso para um breve artigo da imprensa espírita.

Para quem deseja conhecer melhor o pensamento de Jacira no âmbito da administração da CEPA recomendamos o artigo "Objetivos estratégicos para o livre pensamento espírita e para a CEPA",  de autoria de Jacira Jacinto da Silva e Mauro de Mesquita Spinola, datado de 15 de janeiro de 2024, que pode ser encontrado no seguinte endereço eletrônico cepainternacional.org.

Faremos, nesse momento, apenas uma pequena análise de algumas poucas características pessoais de Jacira que foram levadas para a presidência da CEPA nesse longo período de dois mandatos.

Jacira, sobretudo, possui um grande apreço pela obra de Allan Kardec, é, como costumamos dizer, uma kardecista de mão cheia. Uma estudiosa  atenta e  incansável da filosofia espírita.

 Mas não é uma idólatra da obra do professor francês. Entende perfeitamente que as circunstâncias históricas em que a obra de Kardec foi elaborada e  os condicionamentos culturais de encarnados e desencarnados, inclusive do próprio Kardec, na edificação  da obra, devem ser levados em consideração se pretendemos um espiritismo para o século XXI.

 A partir dessa compreensão, Jacira, em seus anos de presidência, fez grandes esforços para a realização do que chamamos, já há alguns anos, de atualização do espiritismo, sem que esta atualização perdesse de vista as bases fundamentais colocadas por seu fundador.

Outra característica de Jacira é sua extrema sensibilidade social. Sua sensibilidade já era plenamente conhecida ao tempo em que era juíza de direito, época em que, ousadamente, para os padrões médios dos profissionais de sua área, realizou atividades de ressocialização de presos, como nos relata em seu livro Criminalidade: Educar ou Punir? editado pelo CPDoc - Centro de Pesquisa e Documentação Espírita, no qual conta sua interessante experiência.

  Por ocasião de sua presidência na CEPA, jamais escondeu seu desconforto com esse mundo de desigualdades e injustiças no qual vivemos. Buscou colocar a filosofia espírita no mundo contemporâneo, através de sua atuação no movimento espírita laico e livre pensador, sempre em sintonia com os problemas sociais de nosso tempo.

E, finalmente, Jacira buscou criar laços de amizade  com outros espíritas no mundo, através de suas viagens por vários países, buscando estabelecer pontes de diálogo, sob as bases do livre pensamento e da alteridade.

Seu companheiro de vida, Mauro Spínola, também membro do Conselho Executivo da CEPA, foi fundamental nessa trajetória de sucesso de Jacira, com seu apoio e trabalho incansáveis, merecendo, por isso, destaque especial.

 Merece destaque também todo o Conselho Executivo da CEPA que atuou durante os dois mandatos de Jacira. Os que lideram sabem que sem companheiros dedicados nada se faz nesse mundo. Jacira foi uma liderança que valorizou o coletivo, sem personalismos menores, e foi, por isso, profundamente democrática em suas administrações.

Como um dos coordenadores da coleção livre-pensar: espiritismo para o século XXI, editadas pela CEPA e CPDoc, que já vai para a sua segunda série de livros, é necessário lembrar e agradecer todo o apoio de Jacira a esta iniciativa. Do primeiro momento em que apresentamos o projeto ao Conselho Executivo da CEPA até os dias de hoje seu apoio foi permanente e pleno em entusiasmo.

Parabéns Jacira! Sua tarefa foi cumprida brilhantemente. Agora você merece alguns dias de descanso das muitas atividades nas quais está envolvida, inclusive, das numerosas e extenuantes atividades da Fundação Porta Aberta, instituição que se tornou um paradigma de eficiência e seriedade em seus objetivos de assistência social.

 Só nos resta dizer, como espíritas laicos e livres-pensadores brasileiros, que nos orgulhamos muito dessa grande mulher brasileira que ora deixa a presidência da CEPA.

Desejamos ao novo presidente da CEPA, José E. Arroyo, de Porto Rico, e sua diretoria, toda a sorte para a nova fase. Os desafios para uma instituição tão importante ao movimento espírita internacional são imensos, dada a complexidade de uma instituição que tem que lidar com espíritas de vários países, cada qual com seu movimento espírita, história e cultura peculiares.

Enfim, que a CEPA continue trilhando pelos caminhos de um espiritismo verdadeiramente kardecista, progressista, progressivo, laico, humanista e livre-pensador. Um espiritismo capaz de dialogar com as complexidades científicas, filosóficas, culturais, éticas e sociológicas deste século XXI.

 

          Ricardo de Morais Nunes

          Presidente da CEPABrasil

 

07 junho 2024

ADIAMENTO DO VI ENCONTRO

 



VI ENCONTRO DA CEPABRASIL É ADIADO EM DECORRENCIA DAS ENCHENTES

COMUNICADO

A Diretoria Administrativa da CEPABrasil, reunida em 03.06.2024, após análise da situação calamitosa pela qual atravessa o Estado do Rio Grande do Sul e, em especial, sua Capital – Porto Alegre -, cujo aeroporto deverá permanecer inoperante até o final do ano, dificultando o acesso de visitantes à cidade, decidiu adiar aquele evento para o próximo ano, em datas a serem divulgadas oportunamente.

Outrossim, esclarece que o pagamento da taxa de inscrição já efetuado permanecerá válido para as novas datas. Eventuais e compreensíveis desistências deverão ser comunicadas para efeito de ressarcimento dos respectivos valores.

Finalmente, roga desculpas aos participantes que, eventualmente, já tenham adquirido suas passagens aéreas pelos possíveis contratempos que poderão enfrentar junto às companhias aéreas.

Atenciosamente,

Ricardo de Morais Nunes – Presidente da CEPABrasil

Salomão Jacob Benchaya – Comissão Organizadora

05 junho 2024

DO DISCURSO À AÇÃO E O COMPORTAMENTO ESPÍRITA

Jailson Lima de Mendonça* - Santos/SP

Este texto teve como motivação alguns questionamentos e reflexões sobre nosso comportamento, em especial como espíritas, a responsabilidade do exemplo e também do distanciamento entre o discurso e a ação no contexto que vivemos.

Consideramos interessante a capacidade que temos de nos indignar momentaneamente quando recebemos uma notícia ou um post nas redes de informação em especial as sociais, as quais muitas vezes nos causam tristeza, revolta mesmo, enquanto em outros nos levam à reflexão sobre nossa própria vida, valores, potencialidades e limitações.

Em alguns casos, no sentido positivo, nos embebecemos de uma vontade que antes não estava presente, como se fora um impulso, um pensar o que não havíamos pensado, um querer assumir e acreditar que somos capazes de realizar. Em outros, no sentido negativo, nos sentimos fragilizados, às vezes impotentes, mas que nos incita pra fazer, mudar, realizar, mas que no geral se vai esvaindo e voltamos ao nosso estado de ser tentando nos conformar de que não podemos fazer mais do que já estamos fazendo. Será?!

Vivemos em um mundo onde, ainda, as pessoas são analisadas, julgadas e criticadas pela aparência, pelo visual, por suas posses e não estamos preocupados com o que os outros efetivamente tem a oferecer, qual a contribuição que tem pra dar e agregar ao meu próprio aprendizado.

As notícias que vemos ou fatos que presenciamos no geral nos deixam inertes, como se não tivéssemos nada a ver com isso. E vem o inquietamento, pois é difícil acreditar que vivendo no século XXI com a imensidão de conhecimento e informações que já foram desenvolvidos, pensados e escritos, não nos parece crível que agimos desta ou daquela maneira e que muitas das atitudes que consideramos aceitáveis parecem exceções.

Verificamos que a construção efetiva se dá num passo muito menor do que da nossa capacidade criativa e intencional. A execução, o agir, esbarra em uma série de artefatos, concretos ou não, que a nossa vontade não consegue transpor. E porquê?

Somos todos iguais na origem, e espíritos num processo natural de desenvolvimento individual, com livre arbítrio e inteligência, mas que necessariamente passamos ou adquirimos aprendizado através da relação com o outro.

Quando falamos da distância entre o discurso e ação, será que o falar, por si só não seria uma ação? Já que ao falarmos estamos de alguma forma nos comprometendo ou influenciando aquele que escuta?

As ações dos seres humanos, ou melhor, dos espíritos encarnados, são representadas por uma linguagem verbal ou não que de toda forma gerará consequências a partir da capacidade representativa do autor e sua vontade, ou seja, do seu campo de influência e dos diversos motivos que animam os interesses pessoais e coletivos.

E nesse momento que vivemos um período de revisão de valores é preciso ceder espaço à reflexão de que quanto mais se assume o que se é, embora não sem dor, abre-se caminho para a felicidade.

Não dá para fugir, se aqui estamos, estamos para fazer e realizar, assumindo a responsabilidade dos nossos pensamentos, ações e comportamentos, ou seja, a parte que nos cabe na construção de uma nova sociedade mais ética, justa e fraterna.

Questionamentos, dificuldades, resistências e reflexões haverão, mas não há mudanças sem esforço e comprometimento.

 Somos espíritos e temos nosso livre-arbítrio o que significa a possibilidade de optarmos entre muitas variáveis, exercendo o direito de escolha e praticando o exercício da vontade como garantia do poder de executar nossa decisão. Ora, todas essas atitudes só se concretizarão a partir de uma base de conhecimento do porquê, das razões e de se ter um consistente objetivo para a vida.

Portanto, devemos agir com parcimônia, mas quais são os limites da virtude da tolerância? Pensamos que pode se resumir em dois princípios: “Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti” e “Não deixes que te façam o que não farias a outrem”

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*Jailson Lima de Mendonça, casado, advogado e contador, Presidente do Centro Espírita Beneficente Ângelo Prado, Santos/SP e ex-presidente da CEPABrasil.













02 junho 2024

20 maio 2024

OS ESPÍRITAS ORTODOXOS

Salomão Jacob Benchaya(*) 

        

        A ortodoxia – do grego “orthos” (reto) e “doxa” (fé) – é uma característica do ambiente religioso. Os dicionários a definem como “referente a algo rígido, tradicional, que não evolui, que é conservador, que não se adapta nem admite novos princípios ou novas ideias”.           

      No espiritismo, que é um movimento evidentemente diversificado, segmentado, também encontramos espíritas ortodoxos, apegados excessivamente aos textos fundadores e avessos a uma reflexão contemporânea sobre as ideias basilares de Allan Kardec. Afirmam que “fora de Kardec, não há espiritismo” ou que “o Espiritismo é um só”. Percebem como verdade apenas o que se encontra na literatura kardeciana toda ela ditada e supervisionada pelos “espíritos superiores”. Sendo a “3ª revelação divina”, como equivocadamente Kardec o situou, tornar-se-ia uma doutrina infalível, portanto, definitiva e indiscutível, terreno já dominado ao qual, um dia, a Ciência poderá alcançar.       

05 maio 2024

O VELHO DE KAFKA

Maurice Herbert Jones (*)


Em sua obra “A Revolução da Esperança”, o psicanalista Erich Fromm cita uma intrigante história do livro “O Processo” de Franz Kafka. Um homem chega à porta que conduz ao céu (a Lei) e pede ao porteiro que o deixe entrar. Este lhe diz que não pode admiti-lo no momento. Embora a porta que leva à Lei esteja aberta, o homem decide que é melhor esperar até ter permissão para entrar. Ele se senta e espera durante dias e anos. Finalmente ele está velho e próximo da morte. Pela primeira vez, ele faz a pergunta: “Como é que durante todos esses anos, ninguém a não ser eu procurou entrar?” O porteiro respondeu: “Ninguém a não ser você poderia ter permissão de cruzar esta porta, porquanto ela estava destinada a você. Agora vou fechá-la.”

Os burocratas têm a última palavra. Esta é a moral da história de Kafka; se eles dizem não, ele não pode entrar. Se tivesse tido mais do que essa esperança passiva, ele teria entrado, e sua coragem para ignorar os burocratas teria sido o ato libertador.

20 abril 2024

POR QUE JULGAMOS TANTO?

Claudia Regis Machado*

É da natureza humana fazer um julgamento, uma avaliação do mundo de acordo com suas crenças.

Não estou restringindo aqui ao aspecto moral do que é certo ou errado, mas um olhar que abrange vários itens da vida humana onde está contido também a perspectiva ética que compõem nossas crenças, a nossa percepção de mundo.

Cada pessoa é um mundo, que passa por situações e vivencias com as com as quais sofreu e aprendeu, que só ela conhece e compreende. 

Na maioria das vezes acreditamos que a nossa visão é a única válida, e isto atrapalha de ir, de ver mais além, e compreender outras perspectivas diferentes.

05 abril 2024

TOLERÂNCIA, POSTULADO KARDECISTA

Saulo de Meira Albach - Procurador na Prefeitura Municipal de Curitiba, músico e atual presidente do CPDoc (Centro de Pesquisa e Documentação Espírita) 

O Espiritismo Kardecista ao defender a liberdade de pensamento e de consciência (crença), como se vê nas questões 833 a 842 de “O Livro dos Espíritos”, bem como ao excluir como critério de acesso à suprema felicidade a filiação a uma Igreja ou à verdade absoluta (posto que todos os sistemas de crença entendem possuir a verdade), elegendo em seu lugar a caridade – que pode ser praticada por todos, como se vê no Capítulo XV de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, deixa evidente sua adesão ao postulado da tolerância.  Em “O Que é o Espiritismo”, no interessante “diálogo com o padre”, Allan Kardec afirma que “a liberdade de consciência é consequência da liberdade de pensar, que é um dos atributos do homem; e o Espiritismo, se não a respeitasse, estaria em contradição com os seus princípios de liberdade e tolerância”.[1]

20 março 2024

Propostas para o Espiritismo Futuro: Quebra de Paradigma.

 Em busca de uma sociedade mais justa e igualitária

Por Sandra Regis*

A questão da Mulher – do Ser Feminino

Pensando em dar mais alguma contribuição para o tema central do Fórum: “Propostas para o Espiritismo Futuro: quebra de paradigmas”, decidi trazer uma questão, também social e muito importante, que reflete ou afeta diretamente a nossa evolução enquanto espíritos imortais, que é a questão da mulher, do ser feminino.

Este é um tema com o qual eu estou diretamente envolvida e, portanto, acho que posso ter algo a contribuir para a reflexão proposta por este Fórum.

05 março 2024

O Sonho e o Espiritismo – Uma abordagem médica e Espírita

 Maria Cristina Zaina*

A associação entre os conhecimentos médico e espírita a respeito do sonho nos parece promover acréscimo significativo no entendimento dos mecanismos que nos regem e na influência simultânea entre matéria e espírito, corpo e mente. Porém antes de mergulharmos numa análise comparativa entre estas áreas, se faz necessário recordar que quase um século os separa.

Kardec pertence ao século XIX, enquanto a maior parte das pesquisas médicas sobre o sonho e o sono se inicia efetivamente em meados do século XX. Isso, per si, justifica a necessidade de um diálogo entre estas duas áreas que, por abordar diferentes aspectos do Ser, se complementam: a medicina trata basicamente da matéria e o Espiritismo, do espírito e de suas relações com a vida corporal. É extremamente importante que possamos integrá-las para uma maior compreensão do todo.

20 fevereiro 2024

A Parte e o Todo

Alexandre Cardia Machado*

Meu cunhado e ex-presidente do ICKS, Roberto Rufo, há alguns anos me presenteou com um exemplar de A parte e o Todo, escrito por Heisenberg lá pelos anos 1960. É um livro que descreve as angústias e os desafios do desenvolvimento da Física Atômica e Quântica. Heisemberg é o autor do conhecido do chamado “Princípio da Incerteza”, que acabou com o último paradigma da Física Clássica ao afirmar que não era possível determinar ao mesmo tempo a posição e a velocidade de um elétron em seu movimento ao redor do núcleo atômico. Este mesmo princípio levou filósofos pelo mundo todo a questionar, se não podemos saber com certeza, como se comporta uma partícula, como podemos estar tão certos de como se comporta, portanto, um objeto complexo?

05 fevereiro 2024

LIBERDADE, FILHA DO CONHECIMENTO

Não alcançamos a liberdade buscando a liberdade, mas sim a verdade. A liberdade não é um fim, mas uma consequência. 
Léon Tolstoi

Doutrinadores religiosos sustentam que a verdade liberta. Não se duvide. Jesus de Nazaré prenunciou que o homem estaria destinado a conhecer a verdade e que ela seria o fator determinante de sua libertação.

Por ora, no entanto, não temos mais que aproximações da verdade sobre as questões fundamentais que dizem com o universo, a inteligência dos seres, suas origens e os destinos a eles reservados. A ciência trabalha com hipóteses capazes de apontar caminhos ao

20 janeiro 2024

CARIDADE OU JUSTIÇA SOCIAL?


 Dirce Carvalho Leite – Pedagoga e Presidente do CCEPA – Centro Cultural Espírita de Porto Alegre,  RS, Brasil.



            Por um tempo longo demais, a Igreja tradicional admoestou seus fiéis com a máxima: “Fora da Igreja não há salvação”. Allan Kardec, corajosamente, ousou discordar e apresentou uma alternativa qualitativa ao propor: “Fora da Caridade não há salvação”. Nesta bandeira, o indivíduo dava um passo necessário na superação da heteronomia para a responsabilidade autônoma, que vislumbra o valor das próprias escolhas e das vitórias individuais, diante de uma ação intransferível e reflexiva, frente à realidade social em que vive.